Opinião: “Que economia circular para as empresas?”
Por: Rafael Campos Pereira, vice presidente executivo da AIMMAP (Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal)
A discussão sobre a necessidade de as empresas terem de preparar-se para uma mudança de paradigma, no que diz respeito à sustentabilidade das suas operações, impacto ambiental e gestão de recursos, já não se questiona.
Neste momento, o centro das preocupações das empresas nestes domínios vai no sentido de perceber como o podem e devem fazer para se adaptarem a estas mudanças, sem sofrerem grandes sobressaltos e sem porem em causa não só os postos de trabalho mas também as oportunidades decorrentes de uma alteração profunda dos comportamentos dos consumidores e dos cidadãos em geral.
Para a AIMMAP – Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal, a promoção do conceito de Economia Circular no setor tem sido uma prioridade assumida.
Divulgar e promover um modelo de desenvolvimento que privilegie processos ambientalmente sustentáveis e promotores de novas oportunidades económicas e sociais, aumentando assim a oferta de produtos e serviços amigos do ambiente, é um desafio gigantesco quer para as empresas quer para a política pública.
A consciência já existe: há uma mudança de paradigma em curso e que é irreversível. Os comportamentos e as práticas dos consumidores mudaram e isso tem reflexos imediatos na produção, na comercialização e na forma como nos relacionamos, tendo em conta a alteração do ciclo de vida dos produtos.
Os impactos que estas alterações terão nas nossas vidas são enormes e é necessário assegurar que os círculos sejam duradouros, curtos, locais e limpos. Isto tem obviamente importância sobretudo nas actividades industriais pois é aqui que os círculos podem atingir grandes dimensões com efeitos no ambiente e na gestão dos processos.
Além disso, não podemos esquecer que o grosso das empresas industriais do setor metalúrgico e metalomecânico são PME e que a questão dos resíduos, da sua classificação e mais ainda, desclassificação, é fundamental para a sustentabilidade das suas operações.
A Economia Circular não deve, no entanto, ser associada apenas à redução e valorização de resíduos, constituindo-se também como alavanca económica associada à inovação e à reindustrialização, promovendo o repensar do ciclo de vida dos produtos e gerando novas oportunidades de emprego e de criação de riqueza.
Por outro lado, existem oportunidades crescentes para os agentes económicos no âmbito dos “desperdícios”, porque estes podem ser transformados em recursos para o processo, com impacto positivo no ambiente e na economia do país.
A AIMMAP está ciente da relevância em fomentar, promover e incorporar práticas de Economia Circular no setor, potenciando a sua sustentabilidade e crescimento.
Neste sentido a AIMMAP apresentou um projeto no âmbito do programa Apoiar a Transição para uma Economia circular – Fase I, candidatura que foi aceite e posteriormente financiada para a elaboração de um Plano de implementação e relatório de viabilidade. Numa segunda Fase, esperada para 2018, será possível candidatar o projeto para financiar a sua implementação.
Há pois processos legislativos em curso (em Portugal e na Europa) que irão ter impacto nestas áreas. Isto será crítico para as nossas PME que em muitos caso ainda não estão preparadas para mudanças legislativas que não tenham em conta as suas especificidades. O repto é este: pensar bem e legislar melhor, com sentido nas PME’s!