“A Enfermagem e a Ecossaúde”, “O empoderamento comunitário e o envelhecimento ativo”, “Mudanças Climáticas e o Empoderamento da Comunidade”, “O clima e a saúde”, “A enfermagem e as mudanças climáticas”, e “Envolvimento e empoderamento dos cidadãos & Mudanças Climáticas” são os temas que estarão em debate, entre os dias 28 e 29 de outubro, no Congresso MAIEC e no Encontro Internacional de Enfermagem.
A Ambiente Magazine convidou Pedro Melo e Maria João Costa, ambos investigadores na área da Enfermagem, Empoderamento Comunitário e Alterações Climáticas, no Centro de Investigação Interdisciplinar em Saúde da Universidade Católica Portuguesa, para escreveram um artigo de opinião sobre os desafios das alterações climáticas e a importância da Enfermagem.
Por: Pedro Melo e Maria João Costa
Vivemos atualmente desafios relacionados com as alterações climáticas que nunca foram tão evidentes. As catástrofes naturais relacionadas com o aquecimento global são notícia quase diária nos media, assim como as consequências económicas associadas às alterações climáticas, como as dificuldades de produção agrícola, relacionadas com climas instáveis. Também os problemas associados à globalização potenciam do ponto de vista das doenças, fenómenos pandémicos, associados por exemplo a doenças transmitidas por vetores, dada a existência de fatores climáticos que permitem, por exemplo, a existência de mosquitos que noutro tempo existiam apenas noutros espaços do planeta. As doenças associadas às alterações atmosféricas também começam a ter uma expressão mais evidente, nomeadamente os problemas respiratórios e oncológicos, havendo já evidencia de mortes com causa comprovada associada às alterações climáticas.
Perguntam-se os leitores deste artigo, de que forma a Enfermagem se associa como parte da solução para as alterações climáticas?
A resposta está na natureza da própria profissão. A Enfermagem é a ciência e a profissão que estuda e cuida das pessoas infirmes e potenciam ambientes favorecedores de firmezas. Os enfermeiros, por isso, diagnosticam os processos intencionais das pessoas, relacionados com os conhecimentos, crenças, valores, atitudes e comportamentos de adesão. Mas diagnosticam e intervêm também nos processos não intencionais (como os fisiológicos) e nos processos de interação com o ambiente (o económico, o social, o político, o cultural, …). Sabendo agora estas características enformadoras da Enfermagem, os cidadãos entendem a importância de incluir enfermeiros nos cuidados das Pessoas no que respeita às suas infirmezas e às infirmezas da nossa casa comum (designação do Papa Francisco para o nosso planeta). Integrar enfermeiros focados nas alterações climáticas na perspetiva das populações e comunidades (nas Unidades de Saúde Pública e nas Unidades de Cuidados na Comunidade), ou diagnosticar e intervir no contexto dos indivíduos e das famílias, potenciando comportamentos de mitigação e adaptação às alterações climáticas (seja no contexto da saúde familiar ou noutras áreas de especialidade em enfermagem). Podemos afirmar que é, por isso, transversal a várias especialidades de Enfermagem a possibilidade de abordagem nesta problemática, sendo garantidamente a Enfermagem de Saúde Comunitária e de Saúde Pública uma voz de maior importância no empoderamento comunitário para a mitigação e adaptação às alterações climáticas, não podendo deixar de advogar, como investigadores nesta área, a existência destes enfermeiros nas estruturas de decisão políticas, como consultores, executores e mesmo gestores de programas e projetos associados a esta problemática. Atreva-se o sistema a inovar e decerto vão encontrar respostas importantes nesta inovação.