#Opinião: A sustentabilidade é, em concreto, o futuro de qualquer estrutura

Por: Amélia Estevão, diretora de Marketing Exponor

Nesta maquete temos presentes duas grandes estruturas: o setor da construção e o conceito indestrutível e inevitável da sustentabilidade. A uni-las está a necessidade de fazê-las coexistir. Por um lado, falamos de um setor que é responsável por uma grande fatia de importações de matéria-prima e que emprega quase 325 mil pessoas – o valor mais elevado dos últimos dez anos. Contudo, ao mesmo tempo, que adquire uma larga dimensão económica, também é responsável pela emissão de 40% dos resíduos nacionais. Em matéria de sustentabilidade, o trajeto que este setor tem vindo a trilhar tem-se mostrado sinuoso, contudo, sabemos que, em concreto, este é o futuro de qualquer estrutura.

São três as dimensões essenciais envolvidas no universo sustentável: a económica, a sociocultural e a ambiental. Uma construção é sustentável quando todas essas dimensões coexistem, ou seja, é imprescindível que ela seja economicamente viável, aceite social e culturalmente, bem como ambientalmente correta. Mas o desafio prevalece, porque, para além de todas estas adequações, a missão sustentável não termina quando o imóvel está concluído, uma vez que os edifícios devem ter um impacto reduzido ao longo do seu tempo de vida.

De uma construção e arquitetura sustentáveis beneficiamos todos, a nível macro e micro – beneficiam as pessoas, as empresas, as comunidades, ao mesmo tempo a economia e o meio ambiente. Este é, por isso, um desafio enfrentado pelo setor, que ainda se vê preso aos recursos tradicionais pela falta de recursos financeiros. A verdade é que os materiais e métodos sustentáveis são mais dispendiosos, por essa razão, vemos o norte da Europa à frente na corrida por possuírem mais poder de compra. Contudo, no universo nacional, já vemos progressos.

Portugal dispõe de infraestruturas capazes de transformar os resíduos emitidos pelo setor em agregados inertes, que podem ser incorporados em nova matéria-prima para a construção. É claro que esta prática ainda é residual e creio que ganharia expressão com uma maior intervenção legislativa e fiscal, que poderia também, no âmbito do recurso à contratação pública, exigir uma taxa exemplar de material reciclado, ou reutilizado, nas obras que promove. Reconheço ainda que algumas empresas já incorporaram estas alterações e adotaram estratégias que têm por base as boas práticas de sustentabilidade, no entanto, é fundamental a regulamentação legal, assim como a consciencialização da necessidade em apostar num futuro com uma economia baseada na circularidade dos produtos, pois somente desta forma poderão apresentar uma vantagem competitiva no seu posicionamento global.

De modo geral, notamos que a sustentabilidade se tem tornado um pilar relevante para as construtoras e há muitas alternativas que podem alavancar as boas práticas. A aposta tem sido em edifícios ecológicos, com grande preocupação ao nível da redução do impacto no ambiente envolvente, na redução das emissões de CO2, pela utilização das energias renováveis e ainda pela forma como habitamos em harmonia com a natureza.

Há ainda outro aspeto que ressalvo em prol da sustentabilidade na construção. As decisões conscientes que devem ser tomadas dependem dos arquitetos, dos engenheiros e dos construtores, num todo, e há 30 anos que a Concreta – Feira de Arquitetura, Construção, Design e Engenharia – compreende esta necessidade. A Exponor continua a promover a maior feira destes setores em Portugal, atraindo milhares de visitantes nacionais e internacionais. Temos em vista as novas tendências e pretendemos continuar a impulsionar a área da construção, da arquitetura, do design e da engenharia no contexto nacional, tendo em vista os mercados externos e apresentando novos materiais, bem como novidades técnicas e tecnológicas.

Na última edição, a Concreta teve como mote “Economia Circular”, adequado a todos os setores que a feira representa. Estruturámos uma edição que apresentou as últimas novidades e soluções para uma adequação ao mercado e às exigências de sustentabilidade. De momento, estamos a preparar a 31ª edição, que regressa à Exponor, entre os dias 20 e 23 de novembro 2024, com um tema que revela outra das grandes preocupações e exigências: “Descarbonização do setor”.

Nesta maquete, fortificamos o setor em prol do planeta. Estamos conscientes dos desafios que enfrentamos, por essa razão construímos muito mais do que um hub de oportunidades. Promovemos o encontro de inovação, pensamento crítico e interação, convidando os profissionais a refletir, inspirar e instigar a arquitetura e a construção em Portugal – de modo a garantir que a sustentabilidade é o futuro de qualquer estrutura.

*Este artigo foi incluído na edição 99 da Ambiente Magazine