#Opinião: O que podemos fazer pelo planeta com mais uma hora de tempo livre?
Por Paulo Rego, Diretor de Produto e Pré-venda da Altice Portugal
Há muito que ouvimos falar no 5G como a internet do futuro, destacada pela maior velocidade de navegação e por todas as vantagens que irá trazer às nossas vidas e ao dia-a-dia das nossas empresas. Mas mais do que olhar o 5G como um fim, importa perceber como nos vai ajudar a alcançar objetivos que são de todos, ou seja, que melhorias vai trazer à nossa vida coletiva e ao planeta onde vivemos.
Ver o 5G como um meio ajuda-nos a perceber o impacto que pode ter no ambiente e no combate às alterações climáticas, quer em meios rurais, quer urbanos. Na agricultura, por exemplo, é inegável o potencial desta tecnologia na otimização de recursos. Desde a utilização de sensores, drones e câmaras na monitorização e gestão de áreas agrícolas, que vão permitir reduzir o consumo de água e diminuir para metade a utilização de pesticidas, ou acompanhar de forma mais próxima o estado das culturas, colhendo-as no momento certo e consumindo-as mais frescas, reduzindo o desperdício alimentar. Noutro âmbito, estes dispositivos interligados vão permitir uma mais rápida deteção e um novo nível de prevenção de incêndios florestais, garantindo uma resposta com meios mais adequados a cada situação em particular.
Importa também olhar para os meios urbanos e mais industriais, uma vez que, segundo a ONU, em 2050, 68% da população mundial vai viver em cidades. No mundo do trabalho, se pensarmos num exemplo bem português como o setor têxtil, uma fábrica do futuro vai incorporar sensores de vídeo nos seus teares, detetar defeitos de produção praticamente em tempo real e identificar avarias de máquinas muito mais rapidamente, reduzindo brutalmente o desperdício. Mais, com as soluções de apoio remoto que o 5G vai permitir, os profissionais responsáveis nem vão ter, muitas vezes, de se deslocar à fábrica para resolver esses problemas. E com tamanhos ganhos de produtividade e reduções de tempo de deslocação, será altura de começarmos a pensar o que vamos fazer com mais uma hora de tempo livre por dia.
Mas o 5G não vai só melhorar a forma como trabalhamos. As cidades onde vivemos vão ser mais inteligentes e limpas, vão ter menos trânsito (os últimos números apontam para uma redução de 20% na utilização de combustíveis) e melhores transportes públicos. Imaginemos, por exemplo, uma monitorização em tempo real de níveis de lixo, que vai permitir recolhas feitas apenas quando necessário e caixotes limpos durante a maior parte do tempo. Ou a utilização muito mais eficiente da água em uso doméstico, com torneiras mais inteligentes e eletrodomésticos muito mais eficientes, que vai permitir, segundo estudos nos Estados Unidos da América, uma poupança naquele país calculada em 1,5 biliões de litros por ano – um número com 12 zeros. Ou na utilização de internet, por exemplo, onde se estima que, com o 5G, seja possível descarregar 17 vezes mais filmes em alta definição do que com o 4G, utilizando a mesma quantidade de eletricidade.
Mas não devemos esquecer que muitos destes números não dependem apenas de tecnologia, mas da ação humana. O pior que podemos fazer é, vendo estes potenciais benefícios, cruzarmos os braços e relaxarmos. O aquecimento global continua a ser uma realidade e nós, humanos, continuamos a ter um impacto significativo no seu agravar. Se hoje nos podemos rejubilar com o tempo acrescido que teremos para passar com a família, com as melhorias que vamos ver nas nossas cidades ou com a redução de tarefas burocráticas que tantas vezes dificultam o nosso dia-a-dia, então amanhã temos de nos começar a mentalizar que estas vantagens têm de ser aproveitadas com um cuidado ainda mais reforçado sobre a forma como utilizamos recursos.
Isto implica continuarmos o esforço que temos feito na substituição de combustíveis fósseis por energias renováveis. Na Altice Portugal, neste momento, 80% da energia que consumimos já vem de fontes renováveis, mas a redução dos outros 20% implica que continuemos empenhados neste objetivo. Mais, implica também que, à medida que fazemos a transição para o 5G, não deixamos de melhorar a forma como reciclamos materiais tóxicos, de nos empenhar na partilha destas novas redes inteligentes em vez de multiplicarmos custos e infraestruturas, e de investir em inovação e tecnologia que permitam, por exemplo, sensores biodegradáveis. E, finalmente, há que garantir que esta tecnologia e os seus benefícios chegam, de forma cada vez mais rápida, às pessoas. Em Portugal, no final do primeiro semestre deste ano, 64% dos concelhos tinham estações 5G, e este é um número que estamos empenhados em continuar a aumentar. Só assim conseguiremos garantir que, com a ajuda preciosa desta tecnologia e com a colaboração de todos, vamos ter um planeta mais saudável.