#Opinião: O caminho para a beleza verde
Por: Susana Pereira, Portugal commercial head da Avon em Portugal
A sustentabilidade deixou de ser um objetivo futuro para as marcas de beleza e transformou-se num compromisso diário e numa prática concreta. Ao longo dos anos, empresas de cosmética têm reorientado as suas estratégias, decisões e operações para integrar princípios de economia circular e responsabilidade ambiental em cada passo do processo. Isto reflete-se não apenas na reformulação dos seus produtos e embalagens, mas também na forma como influenciam os seus fornecedores, consumidores e até outros players do setor da beleza.
O foco na inovação alinha-se à preservação do meio ambiente, sem sacrificar a eficácia dos produtos ou sobrecarregar financeiramente o consumidor. Um exemplo disso é a reformulação das sombras de olhos, alguns dos produtos mais utilizados do setor, onde cada componente, do produto à embalagem, foi cuidadosamente repensado. Hoje, existem já paletas com menos 3,05g de alumínio, cola à base de água e orifícios na base para facilitar a remoção e a reciclagem em separado. Sem espelhos, dobradiças metálicas e aplicadores com materiais mistos, são maioritariamente feitas com papel certificado pelo Forest Stewardship Council (FSC). Esta mudança não só diminui a pegada de carbono, como evita a utilização de cerca de 19 toneladas de plástico anualmente.
Nos bastidores, as marcas estão a implementar um rigoroso processo de análise do ciclo de vida das suas fórmulas, no caso da Avon, utilizando a ferramenta Quantis Avaliação do Ciclo de Vida. Este sistema permite avaliar cada produto com base em 16 indicadores, considerando o impacto em todas as etapas, desde a escolha dos ingredientes até à eliminação final do produto. É uma visão holística que fortalece o compromisso com escolhas mais conscientes, como a substituição gradual de ingredientes menos biodegradáveis, como silicones e polímeros, a partir de 2025. Medidas como estas permitem a utilização de menos 3% de plástico nas embalagens e um aumento da utilização de plástico reciclado pós-consumo (PCR) para 4,1% da utilização total de plástico.
Se os grandes players de cosmética e beleza visam uma beleza mais sustentável, é importante aliar a investigação tecnológica aos processos do dia a dia. Para reduzir as emissões de carbono relacionadas com as fórmulas dos produtos, há que explorar ingredientes ecológicos e de base biológica, tecnologias emergentes e novas formas de produtos, fazer uma mudança para ingredientes orgânicos e certificados, agricultura regenerativa, ingredientes reutilizados e biotecnologia, concentrar-se nos principais ingredientes – álcool, tensioativos, silicones e óleos – e simplificar as linhas de produtos.
Precisamos de estabelecer o objetivo onde o caminho pela beleza verde nos levará numa primeira instância. Fórmulas de produtos de limpeza com mais de 95% de biodegradabilidade, 100% das embalagens recicláveis, reutilizáveis ou compostáveis (ou 50% no caso das embalagens que contenham plástico) e 100% de novas fórmulas com um ciclo de vida mais baixo do que as versões anteriores são meta ambiciosas para 2030, mas estamos num momento de viragem, uma jornada para abraçar princípios circulares através do desenvolvimento de produtos e para melhorar as operações ao trabalhar com os melhores fornecedores para garantir produtos ambientalmente sustentáveis, melhorar o impacto nas pessoas e no planeta.