Por, Fernando leite, administrador Delegado da LIPOR
Nos tempos que vivemos, colocam-se aos Países, a um coletivo enorme de Entidades Públicas e Privadas e à população em geral, problemas e dificuldades, nunca talvez vividas nos últimos séculos. Não irei abordar esta súbita disrupção, que, desde o inicio do ano, o Mundo vive e infelizmente, talvez vá viver ainda por alguns anos, a pandemia do COVID19, mas gostaria de refletir sobre uma matéria que já nos acompanha há décadas e que em Portugal, nos últimos 20 anos, teve um percurso, em meu entender, errático. Refiro-me ao Sistema de Gestão de Resíduos Urbanos que vem vigorando no nosso País. Se nos anos 1998/2000 começou muito bem, está a terminar (em 2020) com uma imagem, uma prática e um desempenho, que demostra a pouca evolução que tal Sistema teve, atentos os compromissos que Portugal assumiu perante a União Europeia. E foram 20 anos das nossas vidas.
Quem trabalha no Setor, sabe que o mesmo está descapitalizado, está desorganizado em diversas vertentes, que falha o cumprimento de importantes indicadores de desempenho dos sucessivos Planos Estratégicos que foram definidos e daí, ser legitimo perguntar, e agora? Que fazer?
[blockquote style=”2″]Setor descapitalizado e desorganizado.[/blockquote]
Não irei falar de um NOVO NORMAL, pós-pandemia, ou a conviver com ela, mas interrogo-me há já cerca de 2 anos, se perante os constrangimentos que antes enunciei e de em 20 anos muito se ter feito, mas muitíssimo ter ficado por fazer, se não seria a altura de “repensar” o Setor dos Resíduos noutros moldes e não continuarmos com “upgrades” e digo isto porque o Sistema que hoje temos é, na sua essência, o que concebemos e construímos no inicio do Século, com “ligeiras alterações”, ou, como alguns também dizem, apenas com a introdução de melhorias(????) no Sistema em vigor, mas concebido, como já disse, no inicio dos anos 2000.
E um bom começo é fazer uma análise critica exaustiva aos erros e lacunas dos Planos Estratégicos anteriores, de molde a não os repetir. Ter-se-á de fazer?
Ouvidos os meus Colegas da Lipor e com o apoio total do Conselho de Administração, estamos a trabalhar, já hoje, nas bases que permitam à nossa Organização, deixar de ser uma “gestora” de resíduos, para ser uma “produtora” de bens e “prestadora” de Serviços.
Será difícil concretizar esta Estratégia? Para a nossa Equipe não, faz todo o sentido se seguirmos os princípios da Economia Circular e da Sustentabilidade de uma Organização como a perfilhamos, e que sente que tem que reinventar o seu Negócio, para ultrapassar as debilidades do Setor.
[blockquote style=”2″]É fundamental a Mudar o Paradigma da Gestão de Resíduos em Portugal.[/blockquote]
Então do que dependemos? Evidentemente de um consenso nacional dos “atores” do Setor, que começam no Governo, nos Organismos da tutela, nas entidades publicas e privadas que estão neste Mercado, no crescimento do I&D no Setor e na consciencialização que todos nós , Cidadãos, temos que ter que o “resíduo é um recurso”, que é fundamental ter a consciência de que os recursos naturais do Planeta são cada vez mais raros, que é fundamental a Portugal e para os próximos anos, criar “riqueza”, criar “emprego” e que a industrialização ou a re- industrialização do País é tarefa inadiável.
E o Setor dos Resíduos, aliás não muito “trabalhado” no designado Plano Costa e Silva, pode e deve desempenhar.
Mas para tal é fundamental a Mudar o Paradigma da Gestão de Resíduos em Portugal.