Por: António Abreu
Comemora-se hoje, a 3 de novembro, o Dia Internacional das Reservas da Biosfera da UNESCO. Esta comemoração é, sobretudo, um convite à inspiração, com base nas experiências e soluções em curso – ou já implementadas – nestes territórios, para se construir um desenvolvimento verdadeiramente sustentável. Na sequência da decisão da 41ª sessão da Conferência Geral da UNESCO de 2021, o dia 3 de Novembro tornou-se o Dia Internacional das Reservas da Biosfera. Trata-se de proporcionar, numa base anual, um alerta sobre a abordagem do desenvolvimento sustentável à vida moderna e o papel líder e exemplar que a Rede Mundial de Reservas da Biosfera pode desempenhar a este respeito.
A urgência de considerar e integrar a dimensão ambiental, a biodiversidade e os ecossistemas como pilares fundamentais do desenvolvimento socioeconómico e o bem estar das pessoas é cada vez mais clara e necessária. A relação da espécie humana com a natureza carece de uma mudança significativa no sentido em que necessitamos de um mundo verdadeiramente partilhado por toda a humanidade e entre a humanidade e os sistemas naturais.
No âmbito do programa o Homem e a Biosfera (MaB), as Reservas da Biosfera da UNESCO, ao longo de mais de cinquenta anos, têm demonstrado que é possível viver neste mundo, estabelecendo, ao mesmo tempo, uma relação sustentável e harmoniosa com a natureza.
Abrangendo todos os tipos de ecossistemas e áreas urbanas, a Rede Mundial de Reservas da Biosfera inclui actualmente 738 sítios em 134 países, classificados pela UNESCO como Reservas da Biosfera, 22 dos quais transfronteiriços. Mais de 270 milhões de pessoas vivem nos territórios Reservas da Biosfera. No conjunto, estes sítios promovem a proteção de cerca de 5% da superfície da Terra, ou mais de 7 milhões de km², uma extensão aproximadamente igual ao tamanho da Austrália.
Todos os anos, um número crescente de sítios adere à Rede Mundial de Reservas da Biosfera da UNESCO, evidenciando o valor que é reconhecido ao programa MaB e às Reservas da Biosfera, enquanto instrumentos ao serviço do desenvolvimento sustentável das suas comunidades.
Portugal possui 12 Reservas da Biosfera da UNESCO, distribuídas pelas regiões autónomas dos Açores (Corvo, Graciosa, Flores e Fajãs de S. Jorge) e Madeira (Santana e Ilha do Porto Santo) e ainda no território continental (Paúl do Boquilobo, Castro Verde, Peniche-Berlengas, Meseta Ibérica, Tejo/Tajo Internacional e Gerês/Xurês, sendo estas 3 últimas, reservas transfronteiriças partilhadas com Espanha).
As Reservas da Biosfera portuguesas promovem a conservação dos valores naturais, culturais, patrimoniais e históricos dos seus territórios e cooperam entre si e no seio das diferentes redes temáticas e geográficas de reservas da Biosfera. Exemplos destas cooperações são as dinâmicas com a rede Europeia (EuroMaB), a rede Iberoamericana (IberoMaB), a rede Mundial de reservas em Ilhas e Zonas Costeiras ou, ainda, a recentemente criada Rede de Reservas da Biosfera da CPLP. Esta última, reúne as reservas da Biosfera do Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, para além de Angola e Timor-Leste que estão ainda em fase de preparação das suas primeiras candidaturas de futuras reservas da Biosfera da UNESCO.
O projeto Reservas da Biosfera: Territórios Sustentáveis, Comunidades Resilientes, apoiado pelo EEAGrants, reúne as 12 Reservas da Biosfera portuguesas, e tem como principais objetivos promover o conhecimento, a capacitação e a comunicação sobre estes territórios.