Por: Sérgio Pintado, CMO da Cash Converters
A sustentabilidade tornou-se palavra de ordem nas últimas décadas, à medida que os impactos ambientais e sociais das atividades humanas se tornaram cada vez mais evidentes. Em resposta a esta preocupação crescente, a economia circular surgiu como uma abordagem holística para enfrentar os desafios da sustentabilidade. A economia circular não é apenas uma tendência passageira, mas sim uma mudança fundamental na forma como concebemos e praticamos a economia.
A economia tradicional, frequentemente designada por economia linear, funciona segundo o modelo “extrair-produzir-descartar”. Isto significa que os recursos naturais são extraídos, transformados em produtos e, por fim, eliminados como resíduos. Este modelo tem sido eficaz na promoção do crescimento económico, mas tem custos ambientais significativos, incluindo a degradação dos ecossistemas, o esgotamento de recursos finitos e a produção excessiva de resíduos. A economia circular, por outro lado, procura redesenhar este sistema, promovendo a sustentabilidade em todas as fases.
Uma das bases da economia circular é o conceito de “fechar o ciclo” em que os produtos e materiais devem ser concebidos e geridos de forma a manter o seu valor e utilidade ao longo do tempo. Em vez de se deitar fora os produtos no fim da sua vida útil, estes são recuperados, reparados, reutilizados e reciclados. Esta abordagem reduz drasticamente os resíduos e a necessidade de novos recursos, minimizando o impacto ambiental.
Por exemplo, ao adquirir produtos em segunda mão, estamos a prolongar o ciclo de vida dos artigos e a reduzir a necessidade de produzir novos, que tem um impacto direto na diminuição da exploração de recursos naturais e na redução da pegada de carbono associada à produção de novos produtos. Além disso, , estamos a contribuir para a redução do volume de resíduos que acabam em aterros sanitários.
A compra de produtos em segunda mão também pode ser uma escolha financeiramente inteligente uma vez que maioria dos artigos usados estão em excelente estado e podem ser adquiridos a uma fração do preço de produtos novos equivalentes. Isto não só ajuda os consumidores a poupar dinheiro, como também torna produtos de qualidade mais acessíveis a um público mais amplo.
Do lado da venda, a comercialização de produtos usados pode ser uma oportunidade para ganhar dinheiro extra e de dar uma segunda vida a artigos que já não são necessários. Em vez de acumular coisas não utilizadas, a venda de produtos usados permite que outros os aproveitem, evitando a necessidade de produzir novos produtos.
A compra e venda de produtos em segunda mão também promove a economia local e a comunidade visto que muitas vezes as transações de produtos usados ocorrem a nível local. Isto cria laços entre as pessoas e fortalece a economia local ao estimular o comércio de bairro e a cooperação entre os membros da comunidade.
No entanto, é importante reconhecer que a transição para uma economia circular não está isenta de desafios uma vez que exige mudanças significativas na nossa mentalidade e nas nossas práticas de consumo.
Em conclusão, a economia circular é uma abordagem holística da sustentabilidade que visa criar um sistema económico mais eficiente, sustentável e resiliente que desafia o modelo tradicional de “usar e deitar fora” e procura criar um ciclo contínuo de utilização de recursos. Embora enfrentemos alguns obstáculos na nossa jornada rumo a uma economia circular, os benefícios ambientais, económicos e sociais tornam esta mudança de paradigma não só desejável, mas também necessária para garantir um futuro para as gerações vindouras. É altura de abraçar a economia circular como uma solução viável e vital para os nossos desafios de sustentabilidade.