Por: Cristina Ascenço, Gestora de Programas de Investigação, Desenvolvimento e Inovação do ISQ
Assistimos nos últimos anos a uma verdadeira revolução tecnológica protagonizada por tecnologias digitais emergentes que têm tido um papel determinante na nossa economia. A pandemia COVID 19 veio reforçar a perceção da importância e inevitabilidade da transição digital nas nossas vidas, na sociedade, na economia.
Internet das Coisas, inteligência artificial, big data, computação de alta performance, robótica ou realidade virtual, são hoje tecnologias incontornáveis no desenvolvimento de novos produtos e serviços, na otimização da eficiência global de processos de fabrico, ativos e infraestruturas e também no desenvolvimento de novos modelos de negócio baseados numa economia de dados.
Estas novas tecnologias digitais, têm conduzido a processos mais eco eficientes, promovendo uma maior eficiência no uso de recursos materiais e energéticos em diversos setores, como sejam, a indústria, a energia, os edifícios, a agricultura ou a mobilidade, contribuindo assim para o objetivo proposto pela União Europeia de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em, pelo menos, 55 % até 2030.
O papel das tecnologias digitais na transição para uma economia circular tem sido também determinante, destacando-se a título de exemplo, a desmaterialização de diversos produtos e serviços, ou a multiplicação de plataformas digitais de partilha e venda, promovendo a intensificação na utilização ou a oportunidade de uma 2ª vida para muitos materiais e produtos.
A Comissão Europeia na sua Comunicação “Orientações para a Digitalização até 2030: a via europeia para a Década Digital” propõe uma meta ambiciosa até 2030 – A utilização de serviços de computação em nuvem, megadados e inteligência artificial por 75 % das empresas europeias.
Esta transformação dependerá da capacidade das empresas para adotar novas tecnologias. Implica, por um lado, sensibilização e conhecimento. Cidadãos dotados de conhecimentos digitais, mais profissionais do setor digital altamente qualificados, uma maior e mais diversificada oferta de formação profissional direcionada para competências digitais emergentes.
E implica apoio ao investimento. Para as empresas, nunca como atualmente se disponibilizaram tantos apoios ao investimento em I&D e inovação, através dos fundos comunitários da União Europeia, nomeadamente os Programas Europa Digital e Horizonte Europa. A nível nacional, o Plano de Recuperação e Resiliência está em curso e, à porta, estão os apoios do Portugal 2030, cujo acordo de parceria foi recentemente assinado entre o Governo e a Comissão Europeia. Ambos os instrumentos com foco na transição climática e digital.
A rede de polos de inovação digital recentemente reconhecidos surge também como plataforma de apoio, sobretudo para as PMEs, fornecendo apoio técnico, formação especializada, acesso a capacidade computacional e a instalações experimentais para o desenvolvimento e teste de soluções digitais.
Estas iniciativas de apoio, materializadas em projetos colaborativos, aceleram relacionamentos e parcerias entre a academia, centros de interface tecnológica e as empresas, criando verdadeiros ecossistemas de inovação, que estão a promover a maturidade digital das empresas e acelerar a velocidade desta dupla transição verde e digital.
Este artigo foi incluído na edição 95 da Ambiente Magazine