Por: João Guerra, Diretor de Marketing e Comunicação da Helexia Portugal
Não é novidade que a pressão sobre as empresas para descarbonizar as suas operações tem crescido significativamente. Isto deve-se à necessidade urgente de mitigar as alterações climáticas e acelerar a transição energética.
Com este propósito, as medidas de eficiência energética revelam uma grande importância, tendo sido identificadas pela União Europeia como um motor essencial da transição energética. A Diretiva de Eficiência Energética da Europa (EU/2023/1791) confere-lhe valor jurídico, tornando-a um princípio fundamental da política energética da UE. Todos os países membros devem considerar a eficiência energética em todas as políticas e decisões de investimento relevantes.
Neste caminho, é importante as empresas perceberem que reduzir o consumo de energia com a introdução de medidas de eficiência energética é a forma mais económica de descarbonizar. No entanto, a descarbonização representa um desafio considerável, não por falta de ambição das empresas, mas pela dificuldade em conjugar recursos, know-how e governance para conduzir as mudanças necessárias. Muitas empresas carecem dos meios e recursos internos para implementar planos de eficiência e gestão de energia. Além disso, é importante que a eficiência energética seja encarada como um processo contínuo, uma jornada, e não apenas a implementação de medidas ad-hoc.
Outra barreira típica é o investimento necessário para aplicar as medidas identificadas. Será sempre uma escolha entre investir no core do negócio ou em iniciativas de transição energética. Mas não tem de ser assim.
É neste contexto que surge o conceito de Energy as a Service (EaaS), que elimina barreiras técnicas e financeiras. O modelo de negócio EaaS permite melhorar a eficiência energética das empresas, reduzir a fatura energética sem necessidade de investimento de capital próprio ou grande alocação de recursos técnicos.
No modelo tradicional, é a empresa que faz o investimento e é responsável pela operação, manutenção preventiva e corretiva dos seus ativos. Tipicamente, a empresa paga pela energia consumida e desconhece se os seus ativos estão a ser operados de forma eficiente. Com o modelo de EaaS são estabelecidas parcerias de longo prazo com empresas de serviços energéticos, fornecendo um nível de serviço superior, com menor custo e maior eficiência.
Esta colaboração elimina a necessidade de investimento inicial por parte da empresa que procura descarbonizar e garante que os recursos necessários são fornecidos pelo prestador de serviços energéticos. Durante todo o período de contrato há um foco muito grande na otimização energética, numa lógica de melhoria contínua.
O EaaS tem um modelo de negócio inovador e vai ser uma alavanca crucial para a descarbonização, permitindo que as empresas avancem com confiança rumo a um futuro mais sustentável e eficiente. Sim, a energia pode ser vista como um serviço.