Por: Filipa Oliveira, Sandrina Tralhão e Vanessa Biel, LEAP Consulting
*este é para ser ouvido ao som dos Queen
“We Will Rock You”
Sempre que ouvimos “We will, we will rock you”, de imediato sentimos a batida inconfundível, com força vital e pulsar galopante que nos impele à ação. Uma ação ritmada, com cadência certa e uma harmonia muito própria que a distingue das demais. Que cativa! Que alimenta! Que revoluciona! E nos transforma, por dentro!
Assim se pretende a jornada ESG numa empresa. Uma caminhada com propósito.
Pasito a pasito. Mas em ritmo certo. Com constância, também, na prossecução. E harmonia a cada passo, de forma a que, estes, originem uma previsibilidade. Dos passos seguintes. E do resultado final. Essa melodia que cativa todos os envolvidos. Revolucionando formas de Ser, Fazer e de Estar. E que, algures, transforma, por dentro, toda a cultura da empresa.
“Under Pressure”
Definidos os temas materiais e identificados os aspectos ESG mais relevantes para a empresa (decorrentes da análise de Benchmark), é chegada a altura de estabelecer uma linha base, construída através de um inventário inicial de dados.
Para tal, a empresa deverá:
1. Implementar sistemas internos de recolha, armazenamento e análise de dados ESG, devendo estes sistemas serem metódicos, cirúrgicos e detalhados;
2. Utilizar ferramentas tecnológicas para otimizar a gestão de dados;
3. Garantir que a equipa de trabalho tenha acesso a formação específica;
4. Escolher a melhor forma para alinhar e reportar o seu desempenho. A escolha do enquadramento a utilizar em cada PME dependerá de diversos fatores, nomeadamente setor, negócio e mercado onde opera, e estratégia empresarial, a qual decorre das necessidades e objetivos da empresa, em simultâneo com as exigências dos seus stakeholders.
Muito embora não exista, ainda, consenso sobre o padrão de Relato de Sustentabilidade das PME, existem vários enquadramentos possíveis, constituindo exemplos os seguintes referenciais:
– ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) – Os 17 Objetivos de Desenvolvimentos Sustentável alicerçam-se em 5 princípios – Planeta, Pessoas, Prosperidade, Paz e Parcerias – e definem as aspirações globais para 2023, nestes âmbitos, em áreas específicas que afetam tanto as atuais gerações, como as gerações vindouras. Assumem-se como uma proposta de parceria global, na qual os países se comprometem a uma mobilização de esforços e partilha de sinergias, para o alcance destes objetivos e metas comuns.
– Diretiva CSRD (Corporate Sustainability Reporting Directive) – Regulamentação Europeia que funciona como um guia orientador do Report de Sustentabilidade Corporativa. Exige relatórios detalhados sobre sustentabilidade e alinhamento com os Padrões Europeus de Relato de Sustentabilidade (ESRS). Este documento vem substituir a NFRD (Non-Financial Reporting Directive).
– SASB (Sustainability Accounting Standards Board) – Os padrões SASB identificam o subconjunto de questões de sustentabilidade mais relevantes para o desempenho financeiro em 77 setores. Oferece métricas específicas por setor e é reconhecido pela sua objetividade e utilidade para investidores.
– ESRS (European Sustainability Reporting Standards) – Constituem-se por 12 normas transversais para o Report de Sustentabilidade, as quais desenvolvidas no âmbito da Diretiva CSRD.
– GRI (Global Reporting Initiative) – É um dos frameworks mais amplamente utilizados uma vez que detalha indicadores, de todas as dimensões ESG; pretende estabelecer uma informação base objetiva e transparente do desempenho da empresa.
– CDP (Carbon Disclosure Project) – Essencial para reportar emissões de carbono e outros impactos ambientais.
5. Certificar-se de que todos os dados recolhidos são auditáveis;
6. Elaborar o Relato.
“I Want to Break Free”
Se importa, por um lado, estar atento às tendências globais na área da sustentabilidade e procurar parcerias com organizações especializadas, no sentido da melhoria contínua, por outro, é, igualmente relevante, para as empresas, acompanharem com regularidade o seu próprio desempenho ESG e irem, continuamente, adequando e ajustando o seu desempenho. À sua própria realidade. À realidade envolvente. Às necessidades emergentes. Aos seus objetivos e metas.
Como o devem fazer? Através da ousadia e criatividade. Princípios base da individualidade. Porque é a individualidade, esta forma de fazer à nossa medida, ao nosso jeito, com uma inevitável inovação ao que está instituído, que nos traz a liberdade.
“We are the Champions”
Mudar tem muito que se lhe diga. Mas não é Missão Impossível. Por isso, não se esqueça:
– Comece pequeno, sem subestimar a importância de cada ação;
– Comemore, até, as pequenas conquistas; é importante motivar e envolver toda a equipa;
– Seja crítico. Ouvir, perguntar, refletir ininterruptamente, abre novos horizontes ao caminho predefinido.
– Seja corajoso. Porque, às vezes, é preciso voltar atrás, mudar de direção ou sustentar novas opções.
Por fim, a empresa deverá organizar, de uma forma lógica, integrada e articulada, todas estas informações e divulgá-las, bem como todo o processo subjacente, através do Relato de Sustentabilidade.
Este documento, para além de comunicar valor ao Mercado, conquistará a confiança dos stakeholders, conseguirá atrair investidores e expandir clientes. Por fim, mas não menos importante, conseguirá, ainda, que, interna e externamente, a empresa cresça no ESG.
“The Show Must Go On”
Mesmo diante dos maiores desafios, o show deve continuar. Porquê? Porque o processo de implementação de uma Gestão ESG é, irrefutavelmente, um passo inspirador e transformador para a uma empresa ou organização; molda comportamentos, condutas e ações de todos os stakeholders (internos e externos), potencia a retenção de talento, a qualidade das relações e a performance organizacional.
Com consciência do processo, rigor de recolha e análise de dados, passos bem planeados vigilância constante da ação e uma abordagem transparente, o seu Relatório de Sustentabilidade pode tornar-se um verdadeiro hit.
Tic Tac! O futuro é já hoje!
[Este é o 4.º artigo de um roadmap rumo à sustentabilidade]
Leia aqui o 3.º…
Opinião: Descomplicar a sustentabilidade nas empresas – A importância de conhecer a concorrência