#Opinião: Descarbonização – Colocar a economia ao serviço do planeta e das pessoas
Por: Luís Guerreiro, Presidente do IAPMEI
Poderá parecer uma tendência, um penso rápido, um termo novo do nosso léxico ‘economês’ ou uma cedência a grupos de pressão, mas não é. É uma resposta. A única, necessária e urgente.
Os dados que nos vêm sendo fornecidos pela ciência são alarmantes e exigem respostas urgentes colocando à prova governos e lideranças e impondo a mobilização e responsabilização de todos.
Resultado da evolução demográfica, social e tecnológica a que temos vindo a assistir desde a revolução industrial, a poluição ambiental tem vindo a aumentar para níveis insustentáveis para o futuro do planeta e os recursos que considerámos inesgotáveis e explorámos à exaustão demonstram agora a sua, e a nossa, fragilidade.
Os gases das atividades industriais, dos transportes, da agricultura intensiva, da incineração de lixos, entre outros, são fatores poluentes, aditados pelo aumento da população mundial, pelo desenvolvimento de grandes centros urbanos e pelas alterações dos hábitos de consumo e, paralelamente, pela desflorestação de grandes áreas, têm conduzido a uma situação complexa à escala global.
Na Europa estabelecemos o nosso objetivo: tornarmo-nos o primeiro continente neutro em carbono até 2050. E as políticas públicas em Portugal vêm sendo desenhadas e implementadas com esse objetivo em vista: trilhar um caminho de resposta à premente necessidade de a economia continuar a servir as pessoas, como deve ser o seu propósito, deixando o planeta respirar.
O IAPMEI está fortemente comprometido com este objetivo e vem trabalhando em várias frentes – informação, sensibilização, mobilização, desenho e operacionalização de instrumentos de apoio ao investimento – no sentido de mobilizar as empresas para esta oportunidade histórica, não negligenciável, de impactar positivamente o nosso presente e futuro e de protagonizar uma mudança real no modelo produtivo, que salvaguarde o futuro de todos sem perda de competitividade.
Um dos nossos eixos vitais de atuação é a indústria, prioritária para a recuperação e modernização económica nacional é compelida, no âmbito do PRR, a proceder à sua descarbonização e a apostar na utilização de fontes renováveis de energia, fazendo cumprir o Pacto Ecológico Europeu. A descarbonização da indústria surge como um imperativo premente para alcançar o objetivo europeu da neutralidade carbónica.
E as empresas têm um instrumento de apoio aos seus investimentos neste domínio no Sistema de Incentivos à Descarbonização da Indústria, parte de um conjunto de medidas que têm como objetivo a neutralidade carbónica através da transição energética por via da eficiência energética a apoio às energias renováveis. Neste domínio estão em curso importantes investimentos por parte das empresas, cuja adesão tem sido muito significativa. Estamos certos de que a boa concretização destes projetos terá contributos extremamente positivos para a mudança de paradigma na utilização dos recursos e para alavancar a descarbonização do setor industrial e empresarial.
Saliento ainda o foco central da atividade do IAPMEI, as PME. Representando 99,9% das empresas nacionais estão identificadas, no âmbito da nova estratégia industrial para a Europa, como intervenientes essenciais e principal vetor de inovação nos diferentes nos ecossistemas industriais europeus. E é vital que assumam a descarbonização como um compromisso para o seu futuro. A sua sobrevivência depende disso e a solidez do nosso tecido empresarial também.
E poderão contar com o IAPMEI para as acompanhar neste desafio em múltiplos eixos de atuação, na assistência e apoio em proximidade, na identificação de parceiros e interlocutores relevantes para os objetivos que pretendam atingir, na capacitação dos seus quadros, na identificação do melhor enquadramento para os seus projetos de investimento.
O nosso papel e o nosso objetivo é mobilizar e disseminar fatores fundamentais para concretizar a transformação industrial, tornando a indústria portuguesa mais ecológica, mais circular, caminhando em direção à neutralidade climática e à liderança digital.
Este artigo foi incluído na edição 99 da Ambiente Magazine