#Opinião: Como ser eficiente numa Sociedade feita para o Consumo?

Por: João Jerónimo, Diretor Geral da Livo

Tempos conturbados estes que enfrentamos. Vivemos em pleno estado de alerta, seja porque historicamente atravessamos uma era sem precedentes a nível geopolítico, seja porque vivenciamos transformações climáticas nunca antes detetadas e que se revelam, atualmente, um dos maiores desafios do ser humano.

Durante muito tempo a palavra de ordem era: consumo. O modelo capitalista assim o ditava, incitando à compra exacerbada de produtos e serviços, sem qualquer discriminação. Hoje, tentamos contrariar um hábito incutido durante muitas gerações na esperança de salvar o único lugar seguro e ao qual podemos chamar casa.

Anos de escolhas pouco conscientes determinam uma realidade assustadora para as gerações futuras. É um desafio complexo, que exige de todos nós dedicação e empenho. As Nações Unidas, os governos e a comunidade internacional no geral, têm chamado a atenção para o problema, conseguindo assim colocar a discussão da sustentabilidade na agenda pública.

Contudo, a sustentabilidade não se reflete apenas em ser mais criterioso na hora de comprar; ser sustentável é escolher a pensar no futuro. Se já o fazemos com determinadas situações – como é o exemplo da compra de seguros para prevenção futura – porque não começar a implementar esta política em tudo na nossa vida?

E não falamos só em bens materiais. Escolher umas janelas mais eficientes que, além de terem um tempo útil de vida mais alargado, permitem poupar na conta da eletricidade e, consequentemente, poupar os recursos disponíveis, respeitando sempre o meio ambiente, as Pessoas e o Planeta, é um passo para a mudança.

Trata-se de paradigmas não tão óbvios, mas que mostram claramente o processo que deveria ser transversal a todas as decisões que tomamos ao longo do tempo. Desta forma, conseguimos assumir o papel de consumidores responsáveis, refletindo sob uma ótica mais abrangente, ponderando o impacto ambiental e social das nossas escolhas.

Porém, a sustentabilidade e o consumo não têm de ser polos opostos; podem ser duas faces da mesma moeda – convivendo em equilíbrio e harmonia. Os modelos atuais, sejam estes sociais, ambientais ou económicos, é que devem ser repensados de modo a que possamos fazer, sem qualquer hesitação, escolhas mais conscientes.

É essencial mudar mentalidades e comportamentos. Foram muitos os anos em que vivemos sob a égide de uma Sociedade de consumo mais desregrado, mas agora desejamos reformar essa realidade e fazer opções que tenham em conta as consequências ambientais e sociais que daí possam advir.

Precisamos de trocar o consumo desmedido por um consumo mais consciente, priorizando aquilo de que realmente necessitamos e evitar o que não nos faz falta. Apostar em produtos e serviços que respeitem as normas sociais, tendo em atenção o seu impacto ambiental e na saúde, promovendo bem-estar e, em simultâneo, um impacto económico positivo, deixando de lado políticas como da obsolescência programada.

Pequenos gestos podem ter grandes impactos. Basta saber como.