Por: Nicola D’Elia, CEO em Portugal, Espanha e Itália do grupo InPost
O comércio online começou verdadeiramente nos anos 90 do século XX, com o advento da World Wide Web, que hoje confundimos com a Internet propriamente dita. No entanto, a ideia das compras à distância não é nova e podemos encontrar a sua origem há mais de um século com a edição nos EUA do catálogo da Sears, Roebuck and Co… em 1897!
Na segunda década do século XXI, as compras online não só se tornaram parte da rotina de grande parte dos consumidores, como podem de alguma forma contribuir para mitigar os impactos negativos do comércio, reduzindo as emissões de gases que contribuem para o efeito de estufa e as correspondentes alterações climáticas.
É fácil de entender porquê. Se alguém necessita de um determinado produto e se desloca de automóvel de loja em loja até encontrar aquilo de que necessita, vai deixar atrás de si uma pegada de carbono significativa. No entanto, a simples mudança de paradigma, das lojas físicas para o comércio eletrónico, pode não ser suficiente para que esta redução de impacto ambiental seja significativa e, no limite, comprar online pode até ser pior para o ambiente.
Hoje, o que temos é um modelo de comércio híbrido, onde determinados produtos são adquiridos localmente e outros são comprados através da Internet. No fundo, é o sistema que durante anos os intervenientes do comércio e distribuição têm procurado: um modelo capaz de complementar e combinar o melhor do mundo físico com o digital, como a fórmula ideal para se adaptar às necessidades de cada consumidor.
Minimizar o impacto ambiental
Claro que qualquer tipo de consumo, por si só, traz consigo um determinado impacto ambiental. O que podemos fazer, através de escolhas conscientes, é minimizar o mais possível esse impacto.
Se nos focarmos nas compras, vemos como muitos utilizadores seguem um padrão, que começa com pesquisas na Internet para se informarem acerca das opções disponíveis do produto que necessitam, e continua com visitas a lojas físicas para poderem tocar e experimentar o produto. O culminar da compra realiza-se na própria loja ou num canal digital. Este é um modelo que pode também ocorrer inversamente, com uma primeira pesquisa em canais físicos e uma comparação e posterior compra nos digitais.
No entanto, no que diz respeito aos envios, muitos utilizadores continuam a optar pelo modelo tradicional de receção das encomendas em casa. Mas, recentemente, tem surgido com sucesso um novo modelo de envio não-domiciliário, que apresenta uma componente de flexibilidade de acordo com as necessidades dos utilizadores que valorizam a conveniência e estão cada vez mais cientes do impacto ambiental das suas escolhas e comportamentos.
As entregas não-domiciliárias apostam sobretudo em dois canais: uma rede de pontos de distribuição, normalmente comércio local e de proximidade, e de cacifos inteligentes (“lockers”). Ambos os métodos evitam tentativas repetidas de entrega, com o consequente impacto negativo em termos de tráfego urbano e emissões poluentes, ao mesmo tempo que oferecem maior comodidade ao consumidor, que pode decidir recolher a sua encomenda no momento mais oportuno.
Além disso, estas redes permitem criar um equilíbrio entre as vendas online e o pequeno comércio local. Isto porque, ao tornarem-se num ponto de recolha e entrega de encomendas, os estabelecimentos comerciais vão beneficiar de maior visibilidade, com maior tráfego e mais clientes que, de outra forma, não iriam visitar a loja.
A chegada desta rede híbrida de envio não-domiciliário, que coexiste em paralelo com os modelos tradicionais de receção de compras em casa, é talvez o avanço mais significativo até à data do imparável processo do sistema multicanal do comércio de retalho.
E é também um passo em frente na personalização absoluta da forma como compramos, seja onde, como e quando for. O poder é do utilizador, mas o impacto destes modelos beneficia toda a sociedade.