#Opinião: Casas saudáveis e eficientes para os desafios das próximas décadas
Desde a década de 90 que Portugal tem vindo a definir a sua indústria da construção para a sustentabilidade. O surgimento de regulamentos e de diversos organismos e sistemas de avaliação ambiental criados a partir dessa altura vieram dinamizar a tendência de sustentabilidade neste setor e estabelecer os alicerces para que as famílias portuguesas possam viver em casas mais sustentáveis e eficientes.
Uma construção sustentável traz inúmeras vantagens, entre as quais, do ponto de vista económico, a redução do consumo de energia. Optar por energias renováveis, materiais ecológicos, reutilizar e reciclar materiais ao longo do seu ciclo de vida, reforçar os índices de eficiência energética da casa ou adotar sistemas de climatização, contribuem para aumentar a poupança, assim como o conforto e, consequentemente, a qualidade de vida das pessoas.
Os apoios existentes e a criação e implementação de novos programas, impulsionados pelo contexto da pandemia e da nova agenda europeia de desenvolvimento, possibilitam incentivos financeiros e benefícios para esta transformação.
A renovação do parque habitacional que existe no nosso país é fundamental para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. A colocação de janelas mais eficientes, painéis fotovoltaicos, a melhoria do isolamento térmico, a colocação de proteções solares, a substituição dos sistemas de climatização e de aquecimento ineficientes por novos sistemas de última geração, a instalação de equipamentos e eletrodomésticos com elevada classificação energética e a colocação de sistemas inteligentes de gestão que otimizam os horários de funcionamento dos sistemas de climatização e monitorizam os consumos de energia, são transformações que irão trazer mais conforto humano. Melhorar o isolamento térmico (reduzir o frio e o excesso de calor, a ventilação), diminui o peso da fatura da energia, o impacto ambiental.
Apostar na utilização de matérias renováveis, recicláveis e reutilizáveis, ou matérias naturais, como a cortiça, são soluções de construção sustentável que podem melhorar o conforto, a iluminação natural, reduzir o ruído e a poluição sonora e proporcionar um ambiente mais saudável.
Aumentar a eficiência energética das casas deve estar no topo das prioridades do Governo, stakeholders e sociedade, pois significa criar melhores condições de habitação que terão impacto no bem-estar das pessoas.
Apesar da evolução dos últimos anos, as casas são ainda desconfortáveis a nível térmico (estudo de 2021 realizado pelo Portal da Construção Sustentável). E, num país com um clima tão excecional como o nosso e com tão elevada disponibilidade de radiação solar, as casas podem ser mais amigas do ambiente e adaptadas para serem mais confortáveis.
Para caminharmos de forma mais rápida para atingir as metas ambientais, económicas e de conforto humano, é necessário um esforço colaborativo entre os vários intervenientes no setor da construção – engenheiros, arquitetos, fabricantes de materiais, construtores, start-ups de inovação tecnológica, retalhistas – e foco na sustentabilidade no topo das prioridades. Avançar em inovação nos materiais de construção e materiais mais ecológicos, contribuirá para reduzir a pobreza habitacional em Portugal, preparando melhor as nossas casas para os desafios das próximas décadas, é aqui que temos contribuído, procurando, sempre, apresentar novas soluções construtivas.