Por: Laura Rodríguez Zugasti, diretora do MSC (Marine Stewardship Council)
Hoje em dia, enfrentamos vários problemas a nível global nos nossos oceanos, como a contaminação marinha, as alterações climáticas e a sobrepesca. De acordo com o relatório SOFIA, da ONU, um terço das pescarias em todo o mundo encontram-se num estado de sobre-exploração.
Os números mostram-nos, também, que 35,4% dos stocks são explorados em níveis biologicamente insustentáveis, sendo que as regiões do Mar Mediterrânio e do Mar Negro são as que têm uma maior percentagem de stocks de peixes superexplorados, contrastando com a região centro-leste do Oceano Pacífico.
Face a esta situação, bem como ao facto da procura de pescado ter aumentado em mais de 122%, entre 1990 e 2018, e de ser uma tendência com um crescimento exponencial, estimando-se que, em 2050, 9,7 milhões de pessoas procurem este recurso para as suas dietas diárias, é imperativo começarmos a mudar alguns hábitos, no que diz respeito à captura do pescado mundial.
É nesse sentido que surge em 1997 o Marine Stewardship Council (MSC), uma organização internacional sem fins lucrativos, que tem como missão atingir um oceano cheio de peixes, em todo o mundo, protegendo os recursos marinhos para as gerações futuras.
Ao longo dos seus 25 anos de vida, o MSC desenvolveu várias ações e projetos, porém o nosso programa de certificação tem um impacto direto no dia a dia dos consumidores. O Selo Azul reconhece e distingue as práticas de pesca sustentável, contribuindo, assim, para uma transformação no mercado e nas escolhas dos consumidores, que passam a ser mais conscientes e sustentáveis.
Pode pensar que é apenas mais um selo existente no mercado, no entanto, este programa já incentivou mais de duas mil melhorias nas pescas realizadas e conta com cerca de 630 pescarias envolvidas, mundialmente, no projeto.
Só em Portugal, no último ano, 3% do pescado foi comercializado com o certificado do Selo Azul. Sim, ainda há um longo caminho a percorrer, mas estes valores mostram-nos que os portugueses estão cada vez mais preocupados com a origem dos seus alimentos, e que preferem fazer escolhas mais sustentáveis, respeitando os ecossistemas.
Além disso, Portugal é o 3.º maior consumidor de pescado em todo mundo. Face à União Europeia, consome 2,5 vezes mais (59,91 quilos) do que o registado (24 quilos). Seja por uma questão de saúde, de frescura ou de sabor, a verdade, é que 83% dos consumidores nacionais gostam de comer pescado no seu a dia a dia[1].
A adicionar, os consumidores portugueses também estão muito preocupados com a sustentabilidade dos oceanos e com a crescente sobrepesca a que temos vindo a assistir com o passar dos anos, estando dispostos a comprar de uma fonte mais sustentável (50%) e com menos recurso a plásticos (47%).
Desta forma, porque acreditamos que continua a ser muito importante explicarmos às pessoas a importância de da pesca sustentável e do Selo Azul, uma vez que 57% dos portugueses ainda não o conhece, e porque queremos celebrar o Dia Nacional Do Mar, lançámos a II Semana Mar Para Sempre, que está a decorrer entre os dias 14 e 20 de novembro. Uma ação de divulgação do programa do Selo Azul, que conta com a colaboração de inúmeros parceiros, que estão comprometidos com a pesca sustentável e certificada em Portugal. Como parceiros comerciais contamos com: o Aldi; o Continente; o Lidl; o Brasmar; o Cofaco; a Cofisa; a Ramirez Conservas; a Gelpeixe; o Grupeixe; a Iglo; a Lugrade; a Poveira; o Bacalhau Riberalves; o Reymar; e o Sr. Bacalhau. Por sua vez, os nossos parceiros institucionais são: Associação Nacional da Indústria Pelo Frio e Comércio de Produtos Alimentares; a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe; a Bluebio Allience; a DECO Proteste; o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental; o UN Global Compact Network Portugal e o Centro de Ciências do Mar e do Ambiente.
Ao longo da semana, além da sessão de abertura, onde juntámos os nossos parceiros e vários meios de comunicação social, para uma manhã focada na apresentação de dados sobre o consumo do pescado em Portugal e na análise do estado da pesca nacional e mundial, estamos a desenvolver várias atividades, como a pintura de um mural no centro de Lisboa, pelo artista Ojê, ou parceria com Carris para que os autocarros que circulam em Lisboa também nos ajudem a amplificar a nossa mensagem entre os cidadãos.
Todas estas dinâmicas são essenciais para continuarmos a relembrar as pessoas de que as escolhas que fazemos no nosso dia a dia têm um impacto direto no mundo em que vivemos e que é preciso andarmos de mãos dadas com a mudança, para vivermos num mundo melhor e que respeite mais o ambiente.
Obrigada por escolherem um pescado mais sustentável e consciente e obrigada, também, aos mais de 22 parceiros que se juntaram ao MSC, com o objetivo de desenvolver uma semana tão importante e interessante como a Semana Mar Para Sempre. Afinal, tal como o lema da semana diz, estamos #JuntosNoMesmoBarco!
[1] Estudio Globescan para MSC 2022 sobre hábitos de consumo de pescado sostenible. Más Información sobre el estúdio en: Cada vez mais consumidores estão a alterar os seus hábitos alimentares por razões ambientais | Marine Stewardship Council (msc.org)