Por: Mafalda Evangelista, Diretora de Capital Natural na NBI – Natural Business Intelligence
A Natureza é a base do funcionamento da sociedade, do bem-estar geral e da economia. No entanto, apesar dos alertas da comunidade científica desde há várias décadas, a degradação da natureza está a acelerar devido ao impacto das atividades humanas. Esta situação está a provocar o declínio dos serviços prestados pelos ecossistemas naturais (por exemplo, regulação climática, fornecimento de água e de outros recursos naturais e fornecimento de bens, tais como as commodities agrícolas, essenciais para a alimentação global) e, consequentemente, a gerar perturbações nas cadeias de abastecimento, nas operações comerciais e nos investimentos.
A nível global, 196 países comprometeram-se a travar e inverter a perda de Natureza até 2030, adotando o Quadro Global para a Biodiversidade, no âmbito do qual as grandes empresas e instituições financeiras são obrigadas a avaliar e a divulgar os seus impactos e dependências em relação à natureza. Na Europa, a regulamentação referente ao relato sobre Natureza pelas empresas, no contexto do seu relato de sustentabilidade, é já uma realidade.
Na NBI – Natural Business Intelligence, cientes da nossa responsabilidade enquanto empresa consultora na área da Ecologia e Economia, assumimos em 2020 compromissos públicos de ação pela natureza, através da adesão à iniciativa act4nature Portugal.
Com o objetivo de gerar um impacto positivo na natureza, a integração da biodiversidade na estratégia da NBI tem-se concretizado, principalmente, através da sensibilização, partilha de conhecimento, de informação técnica e científica sobre a gestão ativa e valorização da biodiversidade e dos ecossistemas. Após três anos de atividade e, simultaneamente, de adesão ao act4nature Portugal, além de continuar a divulgar conhecimento e casos estudo de aplicação prática nas áreas da agroecologia e florestas, finanças e capital natural, gestão e restauro de ecossistemas, estratégias de biodiversidade e avaliação de serviços dos ecossistemas, a NBI encontra-se, no âmbito os seus compromissos individuais, a iniciar o processo de contabilização interna dos impactos da sua atividade sobre a biodiversidade e/ou serviços dos ecossistemas, no âmbito do qual se prevê a compensação de capital natural relativa a impactos negativos inevitáveis.
Apesar de a Natureza (ou a sua perda) começar a ser um tema reconhecido como material para as empresas e dos investidores e outros stakeholders já analisarem seriamente os riscos associados à forma como as empresas afetam a biodiversidade e os ecossistemas, alguns estudos indicam que o tema tem ainda uma presença reduzida nos compromissos e no relato empresarial.
Uma vez que os potenciais impactos na biodiversidade são função da natureza e da localização da atividade, as empresas devem começar o quanto antes por compreender como interagem com natureza ao longo das suas cadeias de valor, uma vez que as etapas iniciais que envolvem a localização da interface com a natureza e a avaliação de impactos e dependências ao nível da cadeia de valor pode verificar-se um processo desafiante e moroso.
Enquanto consultora especializada em biodiversidade, a NBI recomenda às empresas que desenvolvam uma estratégia, suportada por informação científica, que defina como irão contribuir de forma positiva para a natureza e para os objetivos globais para a biodiversidade, assegurando também o cumprimento dos requisitos regulamentares cada vez mais rigorosos em matéria de natureza.