Por: Pedro Teixeira, director de Sustentabilidade da NEYA Hotels
O setor do Turismo, como qualquer outra atividade humana, apresenta impactes ambientais, os quais devem ser identificados, garantindo o desempenho ambiental de uma organização. Destacam-se a ocupação do território, depleção dos recursos naturais, consumos de energia e água, produção de resíduos e emissões atmosféricas. Estes impactes estão sobretudo associados ao transporte, alojamento, alimentação e atividades de lazer dos turistas. O crescimento populacional, o desenvolvimento económico e a maior disponibilidade de transporte aéreo, potenciaram um crescimento do turismo, com os respetivos impactes ambientais nos mercados recetores. Contudo, a indústria turística depende em grande parte de destinos sensíveis e atrativos em termos de capital natural, como sejam zonas protegidas, praias ou áreas remotas com pouca densidade humana, mas elevada biodiversidade. Com o aumento do turismo, estes impactes aumentaram, levando a uma consciência geral sobre a pressão nos ecossistemas e a necessidade de os salvaguardar. O turismo respondeu à evolução dos conceitos de sustentabilidade com a implementação de ferramentas que minimizam os impactes verificados, como sejam os sistemas de gestão ambiental e respetivas certificações. Os agentes turísticos têm ao seu dispor um vasto conjunto de certificações, galardões e prémios, permitindo o reconhecimento externo e formal das práticas de sustentabilidade implementadas através dos seus sistemas de Gestão Ambiental. Destaco algumas das mais reconhecidas certificações de sustentabilidade que poderão ser implementadas no setor turístico, sendo importante que sejam reconhecidas pelo GSTC (Global Sustainable Tourism Council): Normas ISO, Sistema EMAS, Green Globe, Biosphere, Eco Hotel, Earth Check, Galardão Green Key da ABAE, Selos de Responsabilidade Ambiental da Associação de Hotelaria de Portugal e o Travelife entre muitas outras.
Em Portugal, a procura por certificações de sustentabilidade aumentou junto dos agentes do turismo, nomeadamente de hotéis e empresas turísticas. Este aumento tem a ver com a tomada de consciência ambiental por parte dos decisores e a cada vez maior procura dos clientes por empresas que evidenciem bom desempenho de sustentabilidade, minimizando os impactes ambientais dos clientes. Grupos hoteleiros como a NEYA Hotels, com hotéis em Lisboa e Porto, focam a sua oferta hoteleira no conceito de Sustentabilidade, com todas as vantagens associadas em termos de redução dos impactes ambientais, reconhecimento da marca, redução de custos e captação de novos clientes. Também as obrigações regulatórias, tais como a legislação cada vez mais exigente, assim como a nova taxonomia Europeia, exercem uma importante pressão sobre o setor, levando a que muitos dos agentes envolvidos, vejam as certificações com o objetivo único de cumprimento legal, o que torna a gestão ambiental menos genuína e, por conseguinte, com resultados menos eficazes. Quando comparado com outros países, ao nível das boas práticas implementadas, mas sobretudo do número de certificações obtidas, Portugal tem ainda um longo caminho a percorrer. Países do Norte da Europa apresentam um número de empresas certificadas muito superior a Portugal, estando, contudo, o nosso país ao nível dos seus pares em termos de destino turístico e bastante acima de outras realidades, o que nos coloca num patamar positivo e com um grande potencial de crescimento. As razões para esta diferença prendem-se com a pouca cultura de gestão ambiental das organizações nacionais e a desconfiança das vantagens das certificações. Outras razões apontadas são a complexidade dos requisitos de certificação, os custos envolvidos e a falta de qualificação dos colaboradores do setor. Um dos grandes desafios é com certeza a formação em sustentabilidade de todos os quadros em todos os níveis das organizações. Apenas com uma gestão assertiva e colaboradores sensíveis para esta temática, será possível dar passos importantes para a sustentabilidade de um setor, tão relevante para o nosso país e que depende em muito de uma oferta sustentável.
*Este artigo foi incluído na edição 100 da Ambiente Magazine