Após o “Alerta de Guterres” e a “Indignação de Greta” urge concentrar os esforços coletivos numa intervenção efetiva onde o rigor e a assertividade sejam o “Garante” da descarbonização do planeta e da sua sustentabilidade futura, evitando um desastre climático.
Chegou a hora em que planos de ação concretos ocupem a dianteira no Pacto Climático pois só assim conseguiremos impedir que a desinformação, o soundbite e a acomodação vençam a batalha para minimizar as alterações climáticas.
Muito se diz e discute, muito se argumenta e contra-argumenta, muito se contesta. Mas muito está por decidir, desenhando um planeamento concreto, rigoroso e com prazos para cumprir as metas do Acordo de Paris. E temos cada vez menos tempo…
Na verdade, a indignação pode promover a contestação e o aumento das expectativas coletivas em relação aos objetivos a alcançar, o que é fundamental para o desenvolvimento de novas lideranças alicerçadas numa mentalidade global em prol da sustentabilidade do Planeta, com a ação e rigor na decisão que o momento requer.
Quando falo em rigor falo em criar objetivos e prioridades atingíveis, por cada país, por cada empresa, por cada individuo, que contribuam para os objetivos de descarbonização, mas também, e fundamentalmente para alavancar os parceiros, a montante e a jusante do processo operacional e produtivo, pois o “fazer sozinho em cada país” já não é uma solução viável nesta equação da sustentabilidade. Temos de perceber onde e como investir, do Dólar ao Yuan, para garantir a referida sustentabilidade ambiental mas com os menores custos sociais, pagando para fazer uma transição solidária, onde ninguém fica para trás.
A Água é um fator determinante para qualquer Plano de intervenção que vise a sustentabilidade do Planeta. É um recurso essencial, escasso e um capital natural que não devemos desgastar, pondo em causa o seu futuro. Arranjar novas origens de água é essencial para proteger os aquíferos e origens naturais que devem ser reservados para usos nobre como o consumo humano.
Só com reciclagem de água, com novas autoestradas de água para zonas em stress hídrico vamos conseguir ter alimentos com menor pegada ecológica e produzidos localmente, para minimizar custos financeiros e ambientais com transportes à volta do mundo. É uma ideia chave que carece de aplicação…
Na verdade, a água não é uma só! Temos várias águas, com diferentes parâmetros de qualidade. À saída de uma Fábrica de Água, as ETAR 2.0, a água usada e tratada pode ter a qualidade que for pretendida e adequada à utilização futura. Inclusivamente, a “fábrica” deve estar operacionalmente preparada para responder às necessidades da sua proximidade – urbanas, agrícolas ou industriais – de forma a ter o seu escoamento comercial assegurado e tornar-se uma “real” fábrica de água na sua região – assumindo assim ser uma origem de água efetiva e segura. Ao responder à necessidade da comunidade de proximidade está a evitar o transporte e a elevação para distâncias superiores, evitando desgaste energético, evitando contributos para a pegada carbónica, constituindo-se como uma infraestrutura com um contributo efetivo e rigoroso para o Plano de combate às alterações climáticas.
Mas as Fábricas de Água permitem também produzir Energia verde a partir das lamas através de processos conjugados de hidrólise térmica ou biológica (para melhor o rendimento da produção de biogás) e digestão anaeróbia; e produzir composto para fertilizar e enriquecer com nutrientes essenciais, como fosforo e azoto, os nossos solos, geralmente pobres em matéria orgânica.
Este é um exemplo real de um contributo que as empresas de água e saneamento podem dar às suas comunidades, contribuindo para o Clima 5.0, dando a dimensão da “ação positiva” ao movimento climático, com uma Sociedade 5.0 cada vez mais informada e exigente.
[blockquote style=”3″]Hugo Xambre é o novo cronista da Ambiente Magazine.Todos os meses, o vice-presidente Executivo do Conselho de Administração das Águas do Tejo Atlântico dará o seu testemunho sobre a atualidade no mundo do ambiente.[/blockquote]
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