A Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) prevê para 2017 um aumento do consumo mundial de petróleo de 1,22% e o fim do excesso de oferta que há dois anos resultou na queda dos preços do barril. “As condições do mercado vão ajudar a eliminar em todas as partes em 2017 as reservas armazenadas de petróleo”, afirma a OPEP no relatório mensal sobre o mercado mundial de petróleo hoje divulgado e o primeiro com estimativas para o próximo ano.
A OPEP confirma que a procura mundial será este ano de 94,18 milhões de barris diários, deixando a estimativa feita há um mês inalterada e prevê que crescerá em 1,15 milhões de barris por dia ou 1,22% para uma média de 95,33 milhões de barris por dia em 2017.
Para fazer estes cálculos, a OPEP reviu em baixa a previsão que tinha feito há um mês sobre o crescimento anual da economia mundial, de 3,1% para 3,0%, tendo “em consideração os potenciais impactos económicos da votação do Reino Unido para abandonar a União Europeia”, explica o documento.
Os especialistas da OPEP sublinham também que “juntamente com outros impactos, a saída do Reino Unido da UE terá potencialmente implicações para as regulações do mercado de matérias-primas, dado o importante papel de Londres como centro financeiro global”.
De momento, “o impacto mais imediato” virá do facto de Londres já “não estar em condições de exercer influência nas regulações dos serviços financeiros da UE, incluindo os que se aplicam aos mercados de matérias-primas”, explicam.
O barril utilizado como referência pela OPEP recuou este mês para 42,21 dólares na última segunda-feira, o valor mais baixo dos últimos dois meses, contra 48,02 dólares alcançados em 09 de junho, o valor máximo deste ano.
Os preços do petróleo ainda estão muito distantes dos de cerca de 100 dólares por barril, que foram média anual em 2011, 2012, 2013 e na primeira metade de 2014, antes de cair devido ao forte crescimento da produção, sustentado precisamente pelos altos preços que garantiam um elevado rendimento.
A OPEP, que optou por aceitar os preços baixos para defender a sua participação no mercado, vê agora que esta estratégia está a dar resultados, já que enquanto os membros da organização têm vindo a abrir as torneiras, a maioria dos seus rivais foram forçados a reduzir as extrações.
Assim, a OPEP reviu em baixa, em relação ao relatório anterior, a estimativa da produção de barris de petróleo fora da OPEP, para 56,03 milhões de barris por dia, menos 140.000 barris por mil, que traduz uma redução anual de 0,88 milhões de barris por dia e à qual se juntará uma contração de 0,11 milhões de barris por dia no próximo ano.
Os baixos preços estão a afetar a produção mais cara, como a de petróleo de xisto nos Estados Unidos, onde segundo a OPEP, a produção total desceu em abril em 0,22 milhões de barris por dia.