Cientistas e políticos de todo mundo reuniram-se ontem em Washington, nos Estados Unidos, para debater soluções práticas e aplicar uma “mudança radical e irreversível” na economia para conter o aquecimento global. “Precisamos de atuar agora. Precisamos de acelerar a velocidade, o alcance e a escala de nossa resposta, local e globalmente”, afirmou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na abertura da reunião “Ação Climática 2016″, que começou na quinta e termina hoje.
“Secas, tempestades e inundações estão a custar vidas e produtividade de Fiji às Filipinas, da Tailândia ao Texas”, acrescentou o diplomata sul-coreano.
Por sua vez, o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, reiterou a urgência da mudança para indicar que o mundo não pode permitir-se “perder o impulso”. “A cada dia que passa, o desafio do clima cresce”.
O dirigente da instituição financeira citou um recente estudo do Banco Mundial, que afirma que milhões de pessoas em regiões como a África Subsaariana e o Médio Oriente terão de se adaptar a viver com menos água nos próximos anos. Especificamente, o relatório ressalta que o crescimento económico pode reduzir em 6% de agora até 2050 nessas regiões pela escassez de água.
Nesse sentido, a ministra do Meio Ambiente de França, Ségolène Royal, também presente no evento, destacou que o Acordo de Paris deve estabelecer os fundamentos de um progresso “irreversível”, marcado por um crescimento sustentável e respeitoso com o planeta.
O pacto, assinado em dezembro na capital francesa com o objetivo de mudar o modelo de desenvolvimento do planeta para ser livre de combustíveis fósseis, entrará em vigor quando pelo menos 55 países, que somem no total 55% das emissões globais, o tenham ratificado.
A meta é reduzir o aumento da temperatura em não mais que 2 graus Celsius em relação aos níveis da era pré-industrial.
No encontro, parte da ênfase concentrou-se na contribuição das cidades e das entidades governamentais ao nível local, que podem ser um catalisador essencial, especialmente no que se refere à questão do transporte. No comando da iniciativa está o chamado grupo C40, uma rede que reúne os principais centros urbanos mundiais que buscam coordenar esforços na luta contra o aquecimento global.
“Entendo as barreiras e, colaborando com os parceiros do setor privado, do governo e do setor enérgico, as cidades continuarão a guiar o caminho na hora de enfrentar as mudanças climáticas”, disse o prefeito do Rio de Janeiro e presidente do C40, Eduardo Paes.