Mesmo após o mundo ter chegado a um acordo histórico na COP-21, celebrada em dezembro, em Paris, a secretária-executiva da ONU para o clima, Christiana Figueres, teme que a humanidade não seja capaz de acabar com o consumo maciço de combustíveis fósseis a tempo de evitar uma catástrofe, disse à AFP, numa entrevista recente.
“A minha preocupação é se essa transformação vai acontecer suficientemente rápido para evitar os piores impactos”, disse Figueres, referindo-se à transição global dos combustíveis fósseis poluentes para a energia verde. “As emissões de gases do efeito de estufa têm de atingir o pico de forma rápida e começar a diminuir”, afirmou Figueres na entrevista, realizada em 26 de maio em Bonn, na Alemanha, enquanto os diplomatas concluíam a sua primeira sessão de negociações desde o acordo alcançado na COP-21.
“É uma corrida contra o relógio”, completou Figueres, isto 10 dias antes do Dia Mundial do Meio Ambiente, que se comemora anualmente em 5 de junho.
Figueres, da Costa Rica, assumiu o comando da ONU para as negociações sobre o clima após o fracasso da conferência de Copenhaga, em 2009, e desempenhou um papel fundamental na definição das bases para o primeiro acordo climático universal do mundo.
No Acordo de Paris, 195 nações prometeram manter o aquecimento global médio bem abaixo de 2º Celsius – ou até mesmo abaixo de 1,5º C, se possível.
O aumento de 1º C na temperatura média da Terra, registado desde a Revolução Industrial, tem alimentado um número crescente de secas devastadoras, tempestades torrenciais e elevação do nível dos mares, ameaçando os lares e meios de subsistência de dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo.
Mas as medidas que os países que assinaram o acordo devem adotar a nível nacional para reduzir a emissão de poluentes ainda estão muito aquém do previsto, e os cientistas dizem que é necessário agir depressa para alcançar a meta definida em Paris.
As nações ricas também concordaram em investir triliões de dólares nos países pobres nas próximas décadas para ajudá-los a lidar com os impactos climáticos e reorganizar as suas economias.
Os negociadores reunidos em Bonn durante 10 dias analisaram medidas para converter o projeto político num plano viável, e voltarão a reunir-se com os seus ministros em novembro, em Marraquexe, Marrocos.