Hoje, 15 organizações não-governamentais (ONG) de conservação marinha de Portugal e Espanha reuniram pela primeira vez em Lisboa — no veleiro Diosa Maat dos Ecologistas en Accíon e na sede da Liga Para a Protecção da Natureza – para coordenar o seu trabalho em assuntos-chave. O stock ibérico de sardinha, as oportunidades de pesca de espécies de profundidade e a implementação da Política Comum das Pescas (PCP) estiveram entre os principais temas discutidos.
Como resultado, será solicitada uma reunião ao Comissário Europeu para o Ambiente, Assuntos Marítimos e Pescas, Karmenu Vella. Muitas outras ações conjuntas estão a ser planeadas, assim como uma plataforma de comunicação partilhada, de forma a aumentar a capacidade conjunta das organizações para lidarem com os desafios que as águas ibéricas enfrentam.
A Natureza não responde às barreiras feitas pelo homem, muito menos quando se trata do oceano e da vida marinha. Os pescadores no geral sabem isto, mas talvez nenhuns melhor do que os portugueses e espanhóis, que partilham stocks de pesca desde que há registo. Os dois países estão geograficamente, biologicamente, socialmente, economicamente e politicamente ligados pelas águas do Oceano Atlântico.
Embora as ONG espanholas e portuguesas tenham colaborado no passado em questões de conservação marinha, foi a grave situação do stock de sardinha ibérica que tornou claro que só será possível ter pescarias sustentáveis e ecossistemas marinhos saudáveis na região se existir uma cooperação próxima e continuada entre as organizações dos dois países. A visita do veleiro Diosa Maat dos Ecologistas en Acción a Lisboa criou a oportunidade perfeita para as organizações dos dois países se reunirem.
As organizações fizeram uma exigência clara: “Os ministros de Portugal e o novo de Espanha têm que tomar a liderança na Europa, seguindo os melhores pareceres científicos disponíveis e implementando em pleno a Política Comum das Pescas, assim recuperando e mantendo os stocks em níveis sustentáveis até 2020”.
Portugal e Espanha têm sido muitas vezes os estados membros menos ambiciosos no que toca a respeitar a ciência e a PCP e, como tal, para além de várias ações centradas nos ministros dos dois países, irá ser pedida nos próximos dias uma reunião ao Comissário Europeu para o Ambiente, Assuntos Marítimos e Pescas para discutir estes assuntos de importância Ibérica e Europeia, em última análise.
As ONG também concluíram que os dois países têm de ser mais pró-ativos na gestão sustentável e na promoção de pescas de pequena escala e de baixo impacto, assim como na implementação conjunta da rede Natura 2000. Mas os desafios que as águas ibéricas enfrentam vão muito para além das pescas.
O lixo marinho, os planos de extração de petróleo e gás natural, a poluição e gestão insustentável dos rios, entre muitos outros assuntos, requerem também ações conjuntas. Assim, um dos principais resultados desta primeira reunião entre ONG de conservação marinha espanholas e portuguesas foi a adoção de uma lista de assuntos que irão acompanhar com comunicações e eventos conjuntos.