Os oceanos, que captam 90% do calor adicional gerado pelo aquecimento global, absorveram nas últimas duas décadas a mesma quantidade absorvida desde 1865, segundo um estudo publicado esta semana na revista “Nature Climate Change”. A equipa de cientistas do Laboratório Nacional Laurence Livermore, na Califórnia (EUA), calcula que metade do calor absorvido pelos oceanos desde 1865 foi exatamente a mesma quantidade absorvida desde 1997.
Um investigador da Universidade de Southampton refere que esta “é uma faca de dois gumes”. O calor armazenado por superfícies maritímas poderia alterar a circulação de correntes marinhas e atmosféricas assim, perturbar o sistema climatérico. Mas se uma parte do calor absorvido pelos oceanos for devolvida para a atmosfera, graças a correntes profundas que sobem para a superfície, isso iria acentuar o aquecimento e os seus efeitos negativos.
Os autores do estudo alegam que um terço do calor armazenado pelos oceanos fica preso em águas profundas, a partir de 700 metros.
Para Matt Palmer, dos serviços meteorológicos britânicos (Met Office), o estudo “mostra que o sinal do aquecimento climático é reforçado com o tempo, e que este sinal se vê também nas profundezas oceânicas”.