A contagem decrescente para a implementação obrigatória do Passaporte Digital do Produto (DPP) em 2026 já começou. Antecipando este desafio, mais de 30 PME’s estão a testar soluções inovadoras e sustentáveis no GreenTech Lab, uma plataforma que permite validar produtos e processos para cumprir os novos requisitos europeus de rastreabilidade, transparência e circularidade.
Criado para ser um ambiente de experimentação real, o GreenTech Lab tem-se revelado um acelerador de inovação e competitividade. Empresas de setores como embalagens, calçado, cutelaria e plásticos reciclados já estão a validar novos produtos e processos, reduzindo o impacto ambiental e otimizando a eficiência dos seus modelos de negócio. Medidas essenciais que aceleram a transição digital e ecológica das empresas e reforçam a sua competitividade num mercado em rápida transformação.
João Pedro Pinto, partner da Aliados Consulting, entidade promotora do projeto, destaca que “esta plataforma é uma oportunidade única para as empresas experimentarem soluções que as colocarão na linha da frente da sustentabilidade e inovação. A transição não é uma opção, é um requisito para competir no mercado europeu”.
As PME’s certificadas interessadas em testar esta plataforma podem submeter uma manifestação de interesse através do e-mail hello@aliados.consulting. A participação é gratuita e oferece vantagens como validação digital de produtos e processos, conformidade com normas europeias, consultoria especializada e aceleração da inovação.
Exemplos a bordo do Green Tech Lab
Na indústria das embalagens, está a participar a Silvex. “É um passo estratégico para reforçar a transparência e rastreabilidade na cadeia de valor. O DPP permitirá medir e reduzir o impacto ambiental dos nossos produtos, promovendo uma economia mais circular e sustentável. Ao integrar esta iniciativa, estamos a posicionar-nos na vanguarda da digitalização no setor das embalagens, garantindo maior rastreabilidade dos materiais e uma comunicação estruturada e transparente para clientes e consumidores. Acreditamos que esta mudança terá um impacto positivo tanto na nossa empresa como no setor, impulsionando um mercado mais transparente e eficiente, onde a rastreabilidade e a sustentabilidade sejam normas e não exceções”, afirma Natércia Garrido, responsável pela Gestão da Qualidade, Ambiente, Saúde e Segurança no Trabalho da Silvex.
No calçado está a Lemon Jelly/Procalçado: “o nosso compromisso com a inovação e a sustentabilidade. O DPP surge como uma ferramenta essencial para aumentar a transparência e rastreabilidade na indústria do calçado, permitindo que consumidores e parceiros acedam a informações detalhadas sobre a origem, composição e impacto ambiental dos nossos produtos. Ao integrar esta plataforma, estamos a preparar-nos para os desafios regulatórios e a garantir que os nossos produtos cumprem os mais altos padrões de transparência e circularidade. A colaboração com parceiros estratégicos dentro do test bed está a permitir-nos adotar soluções tecnológicas inovadoras que beneficiam toda a cadeia de valor. Além disso, o DPP reforça a confiança dos consumidores e melhora a eficiência da nossa cadeia de abastecimento, ao facilitar processos de reciclagem, reutilização e promoção da economia circular na indústria do calçado”, destaca Rui Martins, responsável de Engenharia de Materiais da Procalçado.
Já na indústria da cutelaria, Clara Marques, General Manager da Herdmar, diz que “o GreenTech Lab permitiu aceder a uma plataforma de conhecimento e suporte tecnológico para o desenvolvimento de um projeto-piloto centrado na criação do nosso DPP. Esta ferramenta é crucial para responder aos novos requisitos legais da União Europeia, mas também para reforçar a nossa comunicação transparente e alinhada com os princípios ESG. O nosso foco está em consolidar o reconhecimento de todas as soluções inovadoras e sustentáveis que já desenvolvemos, garantindo a sua integração no DPP. Estar na vanguarda do ecodesign e da economia circular é essencial para o futuro da cutelaria de mesa”.
Também soluções de plástico reciclado estão neste projeto, como é o caso da FAPIL: “a escolha do nosso produto-piloto para a plataforma recaiu sobre a gama OCEAN, produzida com pelo menos 20% de plástico marítimo reciclado (artes de pesca) e entre 50% a 80% de plástico terrestre reciclado. Este processo dá uma nova vida a materiais que, de outra forma, seriam resíduos para aterro ou incineração, contribuindo para um modelo de economia circular mais robusto”, reforça Sara Teixeira do Departamento de Sustentabilidade da FAPIL.
Já Isabel Neto, Gestora de Qualidade e Ambiente da Sopsa Eco Innovation salienta que entraram no “GreenTech Lab com o objetivo de nos prepararmos para a implementação do DPP e anteciparmos os desafios que essa transição poderá trazer. Esta iniciativa despertou-nos para a importância de temas fundamentais como a análise do ciclo de vida, a economia circular e o ecodesign. Está a ajudar-nos a definir o caminho a seguir para desenvolvermos um Passaporte Digital dos nossos produtos de forma eficaz e alinhada com as exigências do mercado. Com esta experiência, passamos a pensar numa perspetiva ainda mais integrada sempre que criamos novos produtos ou ajustamos os existentes. Queremos garantir que a nossa atividade se torna progressivamente mais sustentável e que conseguimos influenciar os nossos clientes a fazer escolhas mais responsáveis e conscientes”.