“O que a EMEL recebe, a EMEL devolve à cidade (de Lisboa)”
Combater e impedir a entrada dos 380 mil viaturas que todos os dias entram na cidade de Lisboa é o grande desafio da EMEL – Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa. Para tal, a empresa tem em marcha um conjunto de medidas que passam pela “criação de um equilíbrio” entre medidas restritivas, como a “gestão de estacionamento”, e medidas positivas, como a “oferta de uma rede ciclável e a requalificação do espaço público”, afirma o presidente da EMEL.
Carlos Silva, que falava no Portugal Mobi Show, explicou que materializar o desígnio implica à EMEL atuar em várias frentes. No campo da micromobilidade, destaca-se o serviço GIRA, que consiste na rede de bicicletas partilhadas: “Hoje em dia, é um meio de transporte público alternativo, que faz as delícias de milhares de lisboetas que delas usufruem em percurso de last mile”. Com uma frota composta por “duas mil bicicletas (70% elétricas), 138 estações e com presença em quase todas as freguesias de Lisboa, é a maior operação de Bikesharing do país”, afirma o responsável, reforçando que “o projeto GIRA mostrou que é possível acabar com o mito que Lisboa não é uma cidade ciclável e que as pessoas estão dispostas a usar a bicicleta como meio de transporte na cidade”. Aliás, os últimos dados são a prova disso: “O pico de utilização de rede coincide com horários de deslocação de e para trabalho ou instituições de ensino, registado-se uma quebra de utilização aos fins-de-semana”, sucinta.
A complementar este serviço, a EMEL oferece a rede BiciPark: “Trata-se de um estacionamento de bicicletas particulares, que funcionam dentro dos parques de estacionamento da EMEL e que permite ao utilizador usar a sua bicicleta particular para ir para o trabalho ou escola e tenham uma espaço seguro onde possam estacionar”.
A empresa lisboeta de mobilidade está também no mercado dos carregadores elétricos, oferecendo uma rede de carregadores presentes no parque de estacionamento da EMEL: “É mais uma resposta à descarbonização”, destaca.
Outra área prioritária da EMEL é “modernização do sistema semafórico”, através do SIM.Lx – Sistema Inteligente de Mobilidade de Lisboa, que permite dar uma “resposta em tempo real” a eventos de “fecho de vias por motivos de obra ou em caso de acidentes”, ou o projeto de modernização e adaptação dos interfaces de multimodais de transporte, como no Terminal da Expo e no de Sete Rios: “São lugares com poucas funcionalidades, apenas de passagem, mas que, no futuro, devem ser espaços de conectividade com serviços e experiências que melhorem a qualidade de vida das populações que deles necessitam do seu dia-a-dia”, destaca.
Quanto a projetos de futuro, Carlos Silva sublinha a necessidade criação de parques de estacionamento dissuasores à entrada da cidade: “É uma prioridade e brevemente teremos notícias”. Também “a qualidade do ar na cidade deve ser um referencial para o estabelecimento de tarifários que se adaptem à questão climática”, defende o presidente da EMEL, acrescentando ainda a necessidade de se “distribuir melhor o espaço público entre automóveis, zonas cicláveis e pedonais”, sendo que “o espaço na cidade é um bem escasso e crítico”. Acresce ainda “otimização da rede de transportes públicos”, através da “digitalização de processo e oferta de soluções customizadas de mobilidade flexível e adaptadas às suas necessidade de deslocação para e dentro da cidade”, sendo outro elemento fundamental da política ativa de mobilidade, afirma.
Reconhecendo o trabalho que todos os dias é executado pelos trabalhadores da EMEL, Carlos Silva não compreende o porquê da empresa ter uma conotação muito baixa por parte dos lisboetas: “As evidências dizem que apenas 6% da receita total em estacionamento tem origem em coima, o que deita por terra a teoria de que a EMEL é uma empresa de caça à multa”. Aliás, “esta receita proveniente de estacionamento permite à EMEL atuar em todas as áreas de mobilidade numa lógica de: o que a EMEL recebe, a EMEL devolve à cidade”, remata.