“O Oceano é o recurso menos apreciado do planeta”, alerta presidente do Quénia
“Acreditamos que esta conferência vai dar mais um passo: vamos passar de propostas para ações com base em provas cientificamente aprovadas, com base na tecnologia e na inovação”, disse, o Presidente do Quénia, Uhuru Kenyatta, na sessão de abertura da 2.ª Conferência dos Oceanos das Nações Unidas.
Foi a partir do Altice Arena, em Lisboa, que o Presidente do país que, juntamente com Portugal, coorganizou aquela que é a maior conferência, até à data, sobre os oceanos, partilhou as ambições deste Encontro: “Queremos ouvir falar em soluções e em exemplos de soluções de base natural, perceber a interligação entre o oceano e as alterações climáticas e as opções financeiras destinadas ao oceano”. Nesta última, Uhuru Kenyatta lamentou que o ODS 14 – “Conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável” é o objetivo com menos financiamento: “O oceano é o recurso menos apreciado do planeta e a maior parte de nós não entende a centralidade do oceano para a vida humana”.
Lembrando que “três mil milhões de pessoas dependem da biodiversidade marinha e costeira”, o presidente do Quénia reiterou a importância deste recurso para vida: “90% dos bens vêm do oceano e quase metade do nosso oxigénio depende do oceano”. Apesar desta importância, Uhuru Kenyatta atenta que, por ano, são despejados “oito milhões de toneladas de plástico nos oceanos”, poluindo “700 espécies marinhas”. Outro facto é que “estamos a ameaçar a sustentabilidade das unidades populacionais através das pescas ilegais e não regulamentadas” e a “destruir ecossistemas marinhos” através do “despejo de resíduos poluentes nas águas do mar”, aponta o dirigente, alertando que “uma má gestão dos oceanos fez que com os oceanos deixassem de ser capazes de se restaurarem: é surpreendente que tenhamos colocado em risco um recurso de tamanha importância”. Apesar de tudo, Uhuru Kenyatta acredita que uma “gestão mais sustentável dos oceanos” resultará na “produção de seis vezes mais de alimentos e 40 vezes mais de energia renovável e retirar milhões de pessoas em todo o mundo da pobreza” aumentando a “resiliência económica e ambiental”.
Entre “riscos” e “oportunidades”, o presidente do Quénia defende que cabe a cada um decidir o caminho a seguir, lembrando que, nas últimas décadas, “fomos acumulando conhecimento em quantidade suficiente sobre medidas necessárias”. Reiterando que as “nossas ações não estão à altura das ameaças para os oceanos”, o Chefe de Estado do Quénia considera urgente “construir economias assentes nos oceanos com proteção eficaz, produção sustentável e prosperidade qualitativa”, sendo que as “ações têm de ser coletivas porque o oceano é património comum da humanidade”. Por isso, defende a urgência de um “impulso político em prol de ação climática de defesa dos oceanos: não podemos continuar a promover sem pôr em prática”.
No seu discurso, Uhuru Kenyatta reforçou o papel dos jovens, considerando que devem ser “portas estandarte” ao nível das medidas oceânicas: “Precisam de estar sentados à mesa: são os jovens que podem fazer realmente parte da solução”.
Juntamente com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, Uhuru Kenyatta, Presidente do Quénia, foi eleito Presidente da 2.ª Conferência dos Oceanos das Nações Unidas para apoiar e implementar o ODS14 – “Conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”.