“O meio académico é um credenciado e relevante suporte para o desenvolvimento de conhecimento'”
O Grupo Águas de Portugal (AdP) assinou recentemente um protocolo com 20 instituições de ensino superior politécnico portuguesas, através do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP). Segundo Afonso Lobato de Faria, Presidente do Grupo, este protocolo vem formalizar e reforçar uma estreita cooperação já existente entre ambas as partes, no sentido de beneficiar as potencialidades ao nível da formação, de capacitação técnica e estudos de investigação em abastecimento de águas, saneamento de águas residuais e gestão de resíduos, para gerar conhecimentos. 1. Em que consiste este protocolo assinado? Trata-se de um protocolo de cooperação técnica e científica, cujo objetivo geral é formalizar a colaboração entre a Águas de Portugal e as Instituições de Ensino Superior Politécnico membros do CCISP. Em concreto, as acções a desenvolver no âmbito do protocolo compreendem as vertentes da formação, capacitação técnica e estudos de investigação em abastecimento de água, saneamento de águas residuais e gestão de resíduos, com incidência em nove áreas prioritárias: reutilização de águas, tratamento de águas e águas residuais, processos de tratamento de resíduos, transporte de água e de águas residuais, valorização de subprodutos, nexus Água – Energia, gestão do risco relativo a inundações e secas, sistemas de apoio à decisão e monitorização e “smart technology”. O protocolo prevê ainda o desenvolvimento de parcerias estratégicas em candidaturas a programas nacionais, europeus ou outras acções de I&DI (Investigação & Desenvolvimento e Inovação) e o acolhimento temporário, quer pela AdP, de estudantes oriundos das Instituições de Ensino Superior Politécnico no âmbito de estudos inseridos nas suas actividades curriculares e com relevância para a sua actividade, quer pelas Instituições de Ensino Superior Politécnico de quadros da AdP em fase de formação.
2. Porquê esta ligação aos institutos politécnicos? Está relacionado com o tipo de ensino? Desde logo, conhecemos, e reconhecemos, a relevância das valências e das credenciais das instituições politécnicas, nomeadamente nos diversos ramos da Engenharia e no domínio dos serviços de águas e resíduos. Há diversos estudos de investigação e de consultoria especializada já desenvolvidos e publicados, muitos deles dedicados a áreas de interesse da Águas de Portugal. Depois, partilhamos com o CCISP uma presença geográfica que abrange a quase totalidade do território nacional e que nos permite, para cada região onde operamos, desenvolver uma relação de proximidade entre as respectivas entidades gestoras e as instituições de ensino aí presentes, que necessariamente partilham também um maior conhecimento e experiência na resolução de problemas específicos desse território. Não menos importante, o facto deste protocolo assentar num capital de relacionamento muito positivo e pré-existente de parcerias e projectos, desenvolvidos e em curso, entre empresas do grupo Águas de Portugal e os Institutos ou Escolas Politécnicas instalados nas respectivas regiões, e que, agora, com a formalização do protocolo, serão reforçados. 3. Este protocolo veio formalizar uma série de projectos já existentes. Quando, como e de que forma é que a Águas de Portugal se começou a envolver de forma mais intensa nestas iniciativas junto dos estudantes? Podemos dizer que a colaboração com o meio académico em geral tem sido uma constante, praticamente desde a criação da Águas de Portugal em 1993, seja no acolhimento de estudantes para estágios, seja na participação em projectos de investigação e de demonstração tecnológica, seja no apoio a outras iniciativas que possam constituir uma mais-valia científica e técnica para a área do ambiente. Nos últimos anos, tem sido maior o enfoque na criação de parcerias de cooperação com os meios académicos e empresarial, enquadradas no objetivo estratégico do Grupo de promover a inovação e a investigação e desenvolvimento como factores potenciadores de uma maior competitividade e sustentabilidade. Nesse contexto, o grupo Águas de Portugal faz já há vários anos parte do ranking oficial das 100 empresas com maior investimento realizado em investigação e desenvolvimento. 4. Quais as mais-valias desta parceria? O que é que ambas as partes têm a ganhar? A principal mais-valia é o conhecimento que resultará desta parceria e que, acreditamos, acabará por se traduzir em ganhos para os utilizadores dos serviços de águas e resíduos, ou seja, praticamente todos os portugueses. Falamos de projectos concretos, com resultados práticos, como sejam novas tecnologias de tratamento, instrumentos para optimizar a gestão operacional, sistemas de informação de apoio à gestão, a título de exemplo alguns dos já desenvolvidos ou em curso. como a colaboração entre a Simarsul e o Instituto Politécnico de Setúbal, num projecto de investigação sobre valorização de resíduos de gordura resultantes do tratamento das águas residuais para produção de biodiesel ou um estudo sobre micropoluentes com origem farmacológica desenvolvido numa parceira entre a Simlis e o Instituto Politécnico do Porto. 5. Qual a relevância deste contacto entre empresas/mercado de trabalho e faculdades/espaços de formação? Falamos sobretudo de uma complementaridade, quer ao nível das competências, quer ao nível dos resultados. As empresas, cujo dia-a-dia é especialmente focado em decisões de gestão e na operação, encontram no meio académico um credenciado e relevante suporte para o desenvolvimento de conhecimento, de investigação e de formação, ao mesmo tempo que abrem as suas portas ao meio académico para que esses mesmos conhecimentos possam ser testados, demonstrados e desenvolvidos em contextos reais de operação. É este relacionamento frutuoso que se pretende agora sistematizar e alargar a todo o universo do grupo Águas de Portugal para que se possa aproveitar toda a sua potencialidade e benefícios. Por Rita Bernardo