“O incentivo à mobilidade elétrica é assumido pelo Município do Barreiro como um fator de extrema importância”

A Ambiente Magazine esteve à conversa com Rui Braga, Vice-Presidente da Câmara Municipal do Barreiro, para ficar a par do caminho que o município tem feito em matéria de sustentabilidade, essencialmente na mobilidade.

 

A Câmara Municipal do Barreiro investiu em 90 postos de carregamento para veículos elétricos. Quanto custou este investimento?

Rui Braga, Vice-Presidente da C.M.Barreiro

A instalação de 90 postos de carregamento de veículos elétricos, na via pública, ocorreu sem custos de investimento e manutenção a serem suportados pelo Município do Barreiro. A Câmara Municipal, enquanto entidade titular à qual está atribuída a gestão da via pública, estabeleceu um Protocolo de Cooperação para a Mobilidade Elétrica com uma entidade privada (Operador de Pontos de Carregamentos).

A mobilidade elétrica assume uma posição de relevo na necessária mudança de paradigma, associada aos novos modelos de sustentabilidade energética e ambiental, relacionada também com o setor dos transportes e com o desenvolvimento sustentável das cidades. Desta forma, é possível a descarbonização e a redução dos impactos ambientais ao nível da qualidade do ar (reduzindo as emissões com efeito de estufa) e dos níveis de ruído, melhorando o ambiente na cidade.

Neste contexto, o incentivo à mobilidade elétrica é assumido pelo Município do Barreiro como um fator de extrema importância para a promoção de uma mobilidade mais sustentável no seu território, estando o mesmo devidamente enquadrado com a estratégia municipal de investimentos na área dos transportes sustentáveis e do apoio à criação de uma rede contínua de infraestruturas, para combustíveis alternativos e energias limpas. Uma das principais medidas de incentivo à adoção da mobilidade elétrica e de promoção da massificação do uso de veículos elétricos, está relacionada com a criação de uma rede de postos de carregamento na via pública com uma cobertura suficientemente ampla de modo a servir as necessidades de quem que aqui vive, trabalha ou simplesmente nos visita.

Com esta adição, com quantos postos fica o município?

Atualmente, no Município do Barreiro existem 108 PCVE, sendo o município de Portugal com maior número de PCVE por cada 10.000 habitantes (14 PCVE/10 000 habitantes). Da globalidade dos PCVE referidos, 91 estão instalados na via pública (postos de carregamento semirrápidos de 22 kW) e 17 em espaços de domínio privado, mas de acesso público, tais como superfícies comerciais e parques de estacionamento (11 postos de carregamento semirrápidos de 22 kW e 6 postos de carregamento rápidos de 50 e 60 kW).

Quais as principais zonas do município abrangidas com os novos postos?

Os novos postos estão espalhados um pouco por toda a cidade. A definição da localização destes postos de carregamento foi realizada de uma forma faseada, com o objetivo de assegurar a melhor cobertura das áreas urbanas com edificado, abrangendo a globalidade das freguesias.

Que outros projetos é que podem exemplificar o compromisso da autarquia com a sustentabilidade?

Um dos principais compromissos do Município do Barreiro, no âmbito da promoção da sustentabilidade – ao nível da mobilidade e da melhoria da qualidade de vida – resulta numa aposta forte nos transportes públicos urbanos. Recentemente, em 2019, o Município promoveu um grande investimento na renovação global da frota de autocarros dos Transportes Coletivos do Barreiro, passando para autocarros movidos a gás natural comprimido (GNC), mais modernos, seguros e confortáveis. Esta aposta estratégica permitiu promover uma importante mudança no paradigma energético no transporte público rodoviário urbano, com um combustível com maior rentabilidade e menos poluente.

Outro dos projetos passa pela elaboração do Plano de Mobilidade Urbana Sustentável do Barreiro. Este documento apresenta-se como uma peça decisiva de planeamento de políticas públicas e ações técnicas, por conter respostas concretas aos grandes desafios que se colocam hoje ao nível da mobilidade, descarbonização, humanização e saúde pública e na promoção de maior sustentabilidade ambiental e energética na atividade humana.

Destaco também a constante aposta na concretização da Rede de Percursos Cicláveis, procurando promover um modo ativo e a adoção de práticas mais sustentáveis de mobilidade nas deslocações quotidianas. Atualmente, temos uma rede com mais de 11 km de extensão.

Para incentivar a nossa população a andar a pé, principalmente nas deslocações de curta distância, realizaram-se também intervenções no espaço público mais amigas do peão, acessíveis, confortáveis e seguras, concedendo novas ou melhores oportunidades para este tipo de deslocação. O projeto de Requalificação Urbana do Barreiro Velho é um dos exemplos onde se promoverá de forma significativa um espaço público predominantemente pedonal.

Finalmente, não posso deixar de falar das intervenções no sistema de circulação viária e espaço público, em zonas específicas que integram pontos de conflito entre os diversos modos de deslocação, com o objetivo de otimizar e democratizar o espaço público, devolvendo uma grande parte dos utilizadores mais vulneráveis, como o são os peões e os ciclistas. Um exemplo deste tipo de intervenção é o investimento inerente à requalificação da Avenida da Liberdade, o qual permitiu retirar da atmosfera cinco toneladas de CO2 por ano.

Que outros investimentos é que a autarquia está a planear em matéria de sustentabilidade, além da mobilidade?

Neste momento a autarquia encontra-se a rever o Plano Diretor Municipal (PDM), que vai contemplar os principais objetivos estratégicos de mobilidade e criação de uma cidade mais verde. É precisamente neste eixo que prevemos a reformulação e criação de alguns espaços verdes na cidade, o melhoramento e sensibilização da recolha de resíduos e biorresíduos, o combate ao desperdício de água, e também, a substituição de algumas condutas de subsolo.

Quais as metas do município para se descarbonizar?

Todos os investimentos que o Município tem desenvolvido e que tem planeado em matéria de sustentabilidade visam contribuir cumulativa e significativamente para o alcançar do objetivo europeu da Neutralidade Carbónica. A título de exemplo, a renovação da frota dos TCB realizada em 2019, e a subsequente mudança do paradigma energético no material circulante, permitiu, comparativamente aos valores registados em 2018 (em que a frota de autocarros urbanos dos TCB era movida a gasóleo), reduzir significativamente as emissões de gases com efeitos de estufa nas deslocações, nomeadamente a redução de 80,3%, 79,9%, 98,6% e 98,8% na emissão de monóxido de carbono (CO), de gases hidrocarbonetos (HC), de óxidos de azoto (NOX) e de partículas em suspensão (PM), respetivamente.