“O hidrogénio vai permitir uma maior penetração das renováveis e descarbonizar onde a eletricidade não é suficiente”
Promovida pela Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (PPCUE) a conferência “O Hidrogénio nas Nossas Sociedades – Estabelecer Pontes”, realizou-se esta quarta-feira, em formato online, a partir do Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Ao longo do dia, o debate centrou-se em torno do hidrogénio e dos respetivos mecanismos de incentivo, no sentido de se criar um verdadeiro mercado real, uma das prioridades desta presidência.
Na sessão de encerramento, João Galamba, secretário de Estado da Energia, reforçou a importância do hidrogénio, nomeadamente, o hidrogénio verde, como “facilitador fundamental” para alcançar os objetivos do Pacto Ecológico Europeu. O hidrogénio renovável terá assim um “papel fundamental na descarbonização” enquanto “vetor energético” e, também, para o “armazenamento de energia” e como “matéria-prima”, sendo “especialmente relevante nos setores onde a eletrificação não é viável ou não é económica”, destaca. Além disso, é “decisivo para a descarbonização da indústria pesada europeia”, nomeadamente, na “produção de cimento e aço” , no “setor químico” ou, ainda, no “transporte nas áreas em que a eletrificação direta das baterias não é viável ou não é a melhor opção”, precisa. Por isso, o hidrogénio é uma prioridade tanto a nível europeu como nacional: “Os mais de 200 participantes inscritos são uma prova da relevância que este debate tem em Portugal e na Europa”, vinca.
No decorrer da conferência, falou-se sobre o papel das parcerias e da colaboração internacional, um tema que mereceu a atenção de João Galamba que sublinhou a importância de se “reforçar as curvas de aprendizagem” em cada país, bem como, “aumentarmos o grau de hidrogénio e tecnologia” e “reduzir custos”. No que diz respeito à competitividade, as tendências centram-se, precisamente, na “redução dos custos”, especialmente, da “eletricidade” e dos “eletrolisadores” através dos projetos de grande escala: “Mais do que agentes a agir no mercado precisamos de uma concentração coletiva para acelerar a implementação do mercado do hidrogénio e dessa forma criar uma cadeia de valor completa e garantir uma liderança industrial em linha com os objetivos climáticos da UE”.
O objetivo de alcançar a neutralidade climática tem de ser financiado pelo setor público e privado, afirma João Galamba, chamando a atenção para a necessidade de se implementar condições necessárias para que o privado participe e invista: “Um quadro regulamentar que dê aos investidores e credores a previsibilidade sobre como mitigar os riscos de políticas nacionais; mecanismos de apoio e incentivo para mitigação do risco do preço; subsidiar a acessibilidade económica nas fases iniciais da implementação destas estratégias e garantias dos fabricantes e instituições financeiras”. Nestas matérias, o secretário de Estado da Energia defende assim uma “abordagem integrada” que favoreça a “eficiência coletiva, reduza os custos e permita a implementação de uma cadeia de valor integrada”.
No painel dedicado aos setores, ficou claro que o “hidrogénio serve para muitas coisas, mas não para todas as coisas”, sendo que, a prioridade da UE é exatamente a eletrificação do consumo: “O hidrogénio é complementar a esta visão e vai permitir uma maior penetração das renováveis e também descarbonizar onde a eletricidade não é suficiente”, sustenta.
Como nota final, João Galamba não tem dúvidas de que discussões como esta com um “enfoque coletivo” para a “implementação de um mercado do hidrogénio” têm de continuar: “Precisamos de explorar os aspetos e oportunidades científicas e técnicas disponíveis em linha com os objetivos climáticos da UE e a ambição do mundo no sentido da descarbonização”.