A Valorsul comemorou ontem, em Lisboa, o seu 30º aniversário, numa iniciativa que juntou uma série de convidados do setor do ambiente e na qual também se realizou a entrega dos Prémios Open Innovation Valorsul 2024.
Marta Neves, CEO da Valorsul, partilhou com a plateia que acredita que “o espírito de inquietude, de resiliência e de ambição para fazer melhor foi passando ao longo dos anos e continua a mover a Valorsul”. E mostrou-se grata pelo sentido de “responsabilidade e compromisso” que as gerações passadas sempre demonstraram e que ainda perdura nas novas gerações. “Queremos estar à altura deste legado”, frisou a responsável.
Olhando para a atividade da entidade de faz a gestão, tratamento e valorização de resíduos urbanos na zona de Lisboa e região Oeste de Portugal, a gestora recorda que todos os anos são tratados e valorizados na Valorsul mais de 800 mil toneladas de resíduos. E lembra que, desde 2016, foram investidos 82 milhões de euros na central de valorização energética e na recolha seletiva. Os números falam por si: um aumento de 42% nas atividades de recolha seletiva, e uma subida dos 2700 ecopontos em 2016 para os seis mil em 2023. Em aterro já só são depositados menos de 2% dos resíduos.
Para 2025, Marta Neves promete a sensorização em todos os ecopontos da Valorsul. Por outro lado, as triagens já trabalham neste momento com inteligência artificial e a empresa está agora a fazer um piloto-robótica, sendo que para o próximo ano, será a vez de um piloto de captura de CO2 na centrald e valorização energética.
Mas “não é suficiente, pois o futuro exige mais e num curto espaço de tempo”, aponta a responsável. E explica que, representando a Valorsul cerca de 20% dos resíduos nacionais, “tem um importante papel no cumprimento das futuras metas”. E adianta mesmo: “Pela sua dimensão é talvez o sistema que mais tem de crescer e mais tem de investir em recolha seletiva e infraestruturas para tratamento de resíduos, para acomodar o impacto das novas metas”. Uma exigência que, refere, também se aplica aos 19 municípios que integram a Valorsul.
Marta Neves não tem dúvidas: “As últimas três décadas foram palco de grandes mudanças mas o salto que agora se exige a nível nacional implica uma total transformação a nível do setor de resíduos”.
Mas claro que não podemos apenas limitar-nos a este setor: “A linha tem de ligar o princípio com o fim do resíduo, porque o resíduo tem de ser um recurso”, sublinha.
Para a CEO da Valorsul, Portugal apresenta condições excecionais para se tornar um case study na economia circular: “Temos uma geografia privilegiada, uma rede de municípios cada vez mais comprometida com a sustentabilidade e um setor empresarial inovador”, defende. A tudo isto junta-se a “oportunidade de sermos pioneiros na implementação de soluções que outros países possam seguir”. Isto porque, reitera Marta Neves, “temos o talento, temos a vontade e a visão necessários para transformar um país num exemplo europeu”. Sendo que, para isso, “precisamos de estar todos alinhados: o Estado, as empresas e a sociedade civil que trabalham no sentido de garantir que as soluções que são necessárias são efetivamente concretizadas”.
Os prémios Open Innovation Valorsul 2024
Na missão da Valorsul, a inovação desempenha um papel essencial e foi nesta medida que lançou o Open Innovation Valorsul 2024, que premiou três ideias inovadoras capazes de transformar o setor dos resíduos em Portugal.
O programa de inovação da Valorsul, lançado em junho, em parceria com a consultora Innovation by Kaizen, abriu três categorias a concurso – Novas soluções digitais e de Inteligência Artificial na gestão de resíduos; Triagem de embalagens de nova geração; Maximização do potencial das escórias de incineração –, às quais se candidataram 63 projetos de 27 países, de quatro continentes. Destinada à academia, a startups e empresas do setor da gestão de resíduos, a primeira edição premiou as três ideias mais inovadoras e transformadoras, nas quais a Valorsul irá investir 150 mil euros na implementação de pilotos na sua operação.
Na primeira categoria, o grande vencedor foi a empresa WasteAnt, com uma tecnologia inovadora, baseada em Inteligência Artificial e sensorização, para a caracterização e gestão da qualidade dos resíduos em incineração.
Na segunda categoria, venceu a empresa Greyparrot, ao destacar-se com uma solução de analítica avançada de resíduos de embalagem com base em Inteligência Artificial.
E, na terceira categoria, saiu vencedora a empresa NRC/Aerinnova, parte do grupo VHB Groep, com uma solução diferenciadora capaz de maximizar a extração de metais nas escórias de incineração.
Por Inês Gromicho