Confundido durante séculos com o chacal-dourado, o lobo-dourado-africano é uma espécie com uma linhagem distinta há 1,3 milhões de anos. Mas só agora foi “descoberta”. Há 150 anos que não se identificava um canídeo em África.
Conforme noticia hoje o Público, esta é a história de como o lobo-dourado-africano “enganou” historiadores naturais e cientistas durante quase quatro séculos. E de como um novo estudo, do qual fizeram parte quatro investigadores portugueses, vem obrigar museus de todo o mundo a reclassificar o canídeo que habita o continente africano. O chacal-dourado de África é afinal um lobo e há um milhão de anos distinguiu-se como uma espécie independente. Pensava-se ser o canídeo que habita as zonas do Norte e Leste de África, mas afinal não é assim. Cientistas e historiadores naturais que até agora visitaram África foram lubrificados pelas semelhanças morfológicas entre duas espécies distintas: o já classificado chacal-dourado (canis aureus) e o lobo-dourado-africano (canis anthus), a nova espécie identificada.
“Tudo isto foi surpreendente. Primeiro, porque em África não há lobos-cinzentos [canis lupus] e, depois, porque o chacal-dourado, agora identificado como lobo-dourado-africano, é próximo mas diferente do lobo-cinzento”, disse ao Público Raquel Godinho, responsável pela equipa do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO) da Universidade do Porto, que participou no estudo. “O mais incrível foi descobrir a existência de um lobo em África e o que isso implicava: uma entidade taxonómica até aí desconhecida”. “É importante dizer que não se trata de uma descoberta, mas de uma reclassificação”, sublinha.