Escolas e creches fechadas, pessoas trancadas em casa, máscaras esgotadas, seis pessoas feridas e uma nuvem tóxica a avançar desde Setúbal para Norte. Foi este o cenário, afirma hoje o Correio da Manhã, vivido na Margem Sul durante a manhã de ontem devido a um incêndio num armazém da Sapec onde estavam guardadas toneladas de enxofre. O risco para as populações levou a Proteção Civil Municipal a apelar aos moradores para calafetarem portas e janelas.
O relógio marcava três da manhã quando uma explosão atingiu a fábrica de adubos e pesticidas na Mitrena, pondo em alerta os trabalhadores que àquela hora cumpriam mais um turno e fazendo saltar da cama os moradores das localidades mais próximas. Os primeiros raios de sol revelaram a verdadeira dimensão do incêndio. Dois armazéns tomados pelas chamas e que acabaram reduzidos a cinzas. Mas o maior perigo estava no ar. Uma densa nuvem de fumo tóxico (dióxido de enxofre), resultado da combustão do enxofre, que subia imparável, empurrada pelo vento. E o medo crescia, sobretudo nas localidades do Faralhão, Praias do Sado, Gâmbia, Pontes e Alto da Guerra. Chegou, também, à margem Norte do Tejo.
Muito do comércio funcionou de porta fechada, tentando minimizar o efeito do ar contaminado. Pelas ruas, funcionários camarários aconselhavam a população a permanecer em casa, de portas e janelas fechadas. O ar era pesado e quase irrespirável e, com receio, muitos moradores não arriscaram sair sem uma máscara. Com o avançar das horas, o incêndio foi cedendo ao esforço dos bombeiros. E a nuvem foi-se tornado menos ameaçadora para a população, embora ainda continuasse bem visível ao longo de vários quilómetros.
*Foto de Lusa