“Nunca as famílias portuguesas separaram tanto as suas embalagens usadas”
De acordo com o estudo “Hábitos e Atitudes face à separação de resíduos domésticos 2015”, desenvolvido pela Intercampus a pedido da Sociedade Ponto Verde (SPV), registou-se um crescimento de dois pontos percentuais do número de famílias que separam as embalagens, para 71%, na comparação com os resultados obtidos em 2011, o último ano em que foi realizado um estudo semelhante.
“59% dos inquiridos faz a separação doméstica de todas as tipologias de materiais passíveis de serem separadas, um crescimento de 12 pontos percentuais face a 2011”, salienta em comunicada a SPV. “Nunca como agora as famílias portuguesas separaram tanto as suas embalagens usadas. É em Lisboa que se observa o maior nível de separação, mas, em todo o país, são cada vez mais os cidadãos que aderem à reciclagem”, acrescenta.
São 12% os lares que separam alguns materiais e a inexistência de qualquer separação de lixo verifica-se em 29% dos casos observados.
Pela negativa, os separadores totais (32%) e parciais (31%) destacam a distância ao ecoponto mais próximo, justificação que sobe para 43% no caso dos não separadores. Entre as famílias separadoras totais, em 88% dos casos o ecoponto está a menos de cinco minutos da residência, na deslocação a pé, percentagem que desce para 72% nos não separadores. A falta de espaço e as condições do lar são outros dos aspetos negativos indicados como razão para a não separação do lixo.
No distrito de Lisboa, a adesão ao processo de separação de embalagens usadas atinge 79%, seguindo-se Leiria, com 75%. Em Lisboa, 67% das 633 famílias observadas fazem a separação doméstica de embalagens usadas de forma total, ou seja, sem quaisquer erros, enquanto 21% não faz qualquer tipo de separação. Do total dos inquiridos, 42% afirma que a crise económica teve impacto sobre os seus hábitos alimentares, com a racionalização dos consumos de energia e de água.
Os efeitos da crise sobre os hábitos alimentares são mais referidos em Setúbal e estão acima de 40% em Lisboa, Coimbra, Castelo Branco, Porto e Santarém. Ao contrário, Bragança é o distrito onde o impacto da crise é menos ressalvado, sendo apenas assumido por 28% das famílias.
“A contribuição para uma melhoria da qualidade do ambiente é o benefício mais associado à separação doméstica de embalagens”, salienta a SPV, especificando que atinge 91% no caso dos separadores totais e parciais e 78% nos não separadores.
No âmbito da campanha Missão Reciclar, em Lisboa, foram também realizados 6.103 inquéritos com o objetivo de compreender se a taxa sobre os sacos de plástico alterou os hábitos de separação e, por outro lado, qual a forma utilizada pelas pessoas para levarem as suas embalagens usadas para o ecoponto. De acordo com os resultados obtidos, a maioria (46%) continua a utilizar os sacos das compras para o fazer e, entre as respostas obtidas, é referida ainda a utilização de sacos reutilizáveis (23%) ou a utilização de outros sacos (13%).
O estudo “Hábitos e Atitudes face à separação de resíduos domésticos 2015” resultou de 3.529 entrevistas, realizadas entre 5 de dezembro de 2013 e 16 de maio de 2015 em 15 distritos de Portugal Continental, representando 3.759.729 alojamentos.