A interligação de sistemas de água, a ampliação da capacidade das albufeiras, a gestão integrada de águas subterrâneas e superficiais e a reutilização de águas residuais tratadas fazem parte da estratégia para garantir a qualidade e a disponibilidade de água para abastecimento público no Alentejo, região historicamente marcada pela escassez de recursos hídricos e uma das mais vulneráveis do nosso país no quadro das alterações climáticas.
Acompanhado pelos presidentes das câmaras municipais de Aljustrel, de Beja, de Odemira e de Santiago do Cacém, decorre hoje o roteiro “Águas no Alentejo”, com a participação do ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Matos Fernandes, e do secretário de Estado do Ambiente, João Ataíde, que inauguram uma ETAR e uma ETA em Beja e o reforço do armazenamento de água em Vila Nova de Milfontes e adução a São Luís, no concelho de Odemira.
Totalizando um investimento de 29,2 milhões de euros, executado pela AgdA – Águas Públicas do Alentejo, S.A. com o apoio de fundos comunitários, o roteiro integra também visitas à albufeira do Roxo e às obras de beneficiação da respetiva ETA (infraestruturas localizadas no concelho de Aljustrel), ao novo reservatório de água de Alvalade (Santiago do Cacém), e à ETA de Almograve (Odemira).
Roteiro “Águas no Alentejo”
O roteiro “Águas no Alentejo” destaca um conjunto de infraestruturas e intervenções da da AgdA – Águas Públicas do Alentejo, empresa responsável pela gestão do Sistema Público de Parceria Integrado de Águas do Alentejo (SPPIAA), designadamente no que respeita ao reforço das origens de água, como é o caso das ligações ao Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA), a gestão integrada de águas subterrâneas e superficiais e a reutilização de águas residuais tratadas.
O roteiro inicia-se em Beja, com a inauguração da nova Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR), que vai garantir o tratamento de todas as águas residuais produzidas na cidade e se destaca por albergar um projeto piloto de reutilização de águas residuais tratadas para rega agrícola.
Ainda em Beja, segue-se a inauguração da Estação de Tratamento de Água (ETA) da Magra, infraestrutura que tem uma ligação direta ao EFMA, através do Estácio, e capacidade para servir cerca de 30 mil habitantes. A destacar a unidade de produção de energia fotovoltaica da ETA da Magra, que permitirá a quase total autonomia energética da instalação com vantagens económicas e ambientais.
Em seguida, será feita uma visita à albufeira do Roxo e às obras de beneficiação da respetiva ETA, no concelho de Aljustrel. Esta ETA, que está em remodelação, atualmente capta água da albufeira do Roxo, estando em curso a empreitada de ligação direta, através de conduta, ao Adutor de Pedrógão do EFMA.
Com este reforço, a ETA do Roxo estará em condições para garantir a adução a Alvalade e a Ermidas-Sado, empreitadas que deverão estar concluídas até final do ano.
Na visita ao reservatório de Alvalade, será destacada a gestão integrada de águas superficiais e subterrâneas que está a ser implementada pela AgdA – Águas Públicas do Alentejo para melhorar a qualidade da água de abastecimento público.
O roteiro segue para Almograve, já no concelho de Odemira, onde será visitada ETA de Almograve, recentemente remodelada e a funcionar, destinada a servir uma população residente de cerca 6,7 mil habitantes e uma população flutuante de mais de 20.000 habitantes.
Além da ETA, o sistema de abastecimento de água de Almograve integra três novos reservatórios de água tratada, três Estações elevatórias e 27 km condutas adutoras, sendo inaugurados nesta data o reforço do armazenamento de água em Vila Nova de Milfontes e a estação elevatória para abastecimento a São Luís, permitindo, respetivamente, responder aos elevados consumos de água da época turística e resolver os problemas históricos do excesso de ferro e manganês nas captações subterrâneas.
O conjunto de investimentos incluídos no roteiro “Águas no Alentejo” totaliza 29,2 milhões de euros.
Reforço de ligações e gestão integrada de águas
A região do Alentejo caracteriza-se por sérias fragilidades em termos de vulnerabilidade das captações subterrâneas e sofre de problemas de qualidade da água que se agravam em situações de diminuição da produtividade, as quais ocorrem com elevada frequência em consequência das suas caraterísticas hidrogeológicas particulares e do clima da região e têm tendência para agravamento no quadro das alterações climáticas emergente.
Para assegurar os volumes necessários para garantir o abastecimento público com qualidade e em quantidade à totalidade das populações abrangidas e melhorar a resposta a situações de escassez em contexto de alterações climáticas, a AgdA – Águas Públicas do Alentejo reforçou a procura de origens seguras e o desenvolvimento de sistemas integrados, designadamente materializados na interligação de sistemas de água, na ampliação da capacidade das albufeiras, na gestão integrada de águas subterrâneas e superficiais e na reutilização de águas residuais tratadas.
As ligações ao EFMA na ETA da Magra e no Roxo visam reforçar a resiliência das origens, aumentar a disponibilidade de água para abastecimento público e também melhorar a resposta a situações de escassez em contexto de alterações climáticas.
A gestão integrada de águas subterrâneas e superficiais que está em curso em Alvalade vai permitir uma significativa melhoria da qualidade da água de abastecimento público e aumentar a capacidade e resiliência dos sistemas. A reutilização de águas residuais tratadas, de que é exemplo o projeto piloto a decorrer na ETAR de Beja, apresenta-se como fonte alternativa e como forma de poupança de recursos hídricos, que são escassos, além de promover a economia circular.
O conjunto das infraestruturas e intervenções deste roteiro totalizam um investimento de 29,2 milhões de euros, executado pela AgdA – Águas Públicas do Alentejo no âmbito do Sistema Público de Parceria Integrado de Águas do Alentejo (SPIAA) com apoio de fundos comunitários. Criado em 2009, o SPPIAA representa um modelo de gestão inovador para o setor da água que assenta na celebração de contratos de parceria entre o Estado central e as Autarquias locais para a gestão integrada do ciclo urbano da água.
Na sequência desta parceria pública-pública, formalizada em agosto de 2009 entre o Estado central e os Municípios de Alcácer do Sal, Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Arraiolos, Barrancos, Beja, Castro Verde, Cuba, Ferreira do Alentejo, Grândola, Mértola, Montemor-o-Novo, Moura, Odemira, Ourique, Santiago do Cacém, Serpa, Vendas Novas, Viana do Alentejo e Vidigueira, foi criada a AgdA – Águas Públicas do Alentejo, empresa detida pela Águas de Portugal e a Associação de Municípios para a Gestão da Água Pública do Alentejo, à qual foi atribuída a responsabilidade da gestão do SPIAA por um prazo de 50 anos.