Quais os desafios que se colocam ao país quando abordamos o tema Energia, como poderemos gerir e rentabilizar os recursos disponíveis e qual o papel que as agências de energia podem assumir foram apenas algumas das questões abordadas durante o ENAEA2018 – Encontro Nacional das Agências de Energia e Ambiente que se realizou no Fórum Cultural de Alcochete nos dias 5 e 6 de dezembro. Cerca de 300 profissionais participaram neste Encontro encerrado pelo secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins.
“É importante aproveitarmos a partilha de boas experiências para disseminarmos as boas práticas no
nosso país no que diz respeito ao funcionamento e ao papel central que as agências de energia podem
ter pela sua proximidade aos territórios e aos próprios contextos onde as mudanças e as transições
acabam por ganhar dimensão”, começou por referir o secretário de Estado do Ambiente que acredita
que o ambiente e a energia são áreas que só podem trazer vantagens.
A encerrar os dois dias de trabalho, em que foram partilhados e apresentados vários projetos
executados por agências de energia e não só, uma vez que também houve espaço para reflexões sobre
cidades inteligentes e novos desafios que se avizinham com os novos contratos de gestão e o novo
paradigma da gestão das redes de distribuição em baixa tensão, Carlos Martins centrou a sua
intervenção em duas áreas-chave: habitação e transportes.
“A forma como concebemos as nossas redes de água internas, como gerimos os resíduos nas nossas
cidades, como promovemos com maior ou menor dimensão a reciclagem são temáticas que acabam por
estar muitas vezes ligadas ao primeiro momento de quem gere o território nesse processo tão simples,
mas ao mesmo tempo tão vital para assegurar garantias de futuro, que é o processo de licenciamento
de construção”, destacou Carlos Martins que referir ainda que Portugal está prestes a entrar num novo
ciclo de reabilitação urbana que tem que ter bem presente esta vertente da eficiência energética.
Sobre os transportes, Carlos Martins relembrou que esta semana foi apresentado o roteiro para a
neutralidade carbónica 2050 que trará novos desafios para os Municípios que devem acompanhar estas
leituras mais integradas do território e fomentar também esta mudança com renovação, por exemplo,
das frotas municipais.
Estas preocupações foram também abordadas pela subdiretora-geral da Energia e Geologia, Maria José
Espírito Santo, que durante a sessão de abertura, frisou a existência de um conjunto de dossiers que
estão em discussão e nos quais as agências de energia terão um papel importante a assumir.
“As concessões de baixa tensão, o problema dos desafios que a própria mobilidade elétrica vai introduzir
nas redes de baixa tensão, a questão do carregamento dos veículos e o eventual impacto que vai trazer
na rede de distribuição são desafios para os quais estamos empenhados e reitero a disponibilidade total
da Direção Geral de Energia e da tutela para que nos façam chegar as vossas preocupações de modo a
que consigamos trabalhar em conjunto pois de 2021 até 2030 temos metas muito ambiciosas com a
aplicação do Plano Nacional de Energia e Clima”, referiu.
Carlos Santos, presidente da direção da RNAE, entidade organizadora deste Encontro Nacional,
informou que cerca de 70% do território nacional já está coberto por agências de energia, havendo, no
entanto trabalho a desenvolver com vista a abranger o país na sua totalidade e afirmou que a grande
vantagem das agências de energia é o trabalho de proximidade que desenvolve junto dos seus
beneficiários e que se torna fundamental para apoiar os municípios em tomadas de decisão ou na
implementação de medidas que promovam a eficiência energética sem aumentar o investimento
público.
O segundo dia do Encontro Nacional foi duplamente importante para a RNAE que assinou um protocolo
de cooperação com a Grundfos Portugal, que viabilizará a promoção da eficiência energética em
sistemas de bombagem de água no âmbito do programa Energy Check desenvolvido pela empresa
dinamarquesa Grundfos.
Este momento foi formalizado pelo Presidente da Direção da RNAE, Carlos Santos, pelo vice-Presidente
da Direção da RNAE, Diamantino Conceição, pelo representante da Grundfos Portugal, Bruno Carmo, e
pelo embaixador da Dinamarca em Portugal, Lars Faaborg-Andersen.
O papel dos municípios na mudança de consciência energética
A importância dos Municípios na mudança de consciência quanto ao uso inteligente e racional da
energia foi um dos alertas transversais nas várias intervenções que se fizeram ouvir ao longo destes dois
dias. Por outro lado, esta sensibilização foi igualmente acompanhada pela constatação de que as
agências de energia são parceiros fundamentais para as autarquias locais na dinamização de projetos
de uso sustentável, assim como na sensibilização da população.
Para além dos painéis de intervenção decorreu em simultâneo no Encontro Nacional das Agências de
Energia e Ambiente uma mostra expositiva de tecnologias e atividades empresariais com presença de
entidades como a EDP Comercial, Engie Portugal, Qart, Soneres, Biohot, Carrier, GoParity / Ponto
Energia, Helexia, Openplus, Weeecycle, Amarsul, Simarsul, InnoEnergy, DECO e a Loja da Poupança
Energética de Seia.