As espécies e os habitats protegidos continuam em declínio, devido principalmente à agricultura intensiva, à urbanização, à exploração florestal não sustentável e às alterações dos habitats de água doce, indica um relatório, divulgado pela Comissão Europeia.
Também, a “poluição do ar, da água e do solo”, bem como as “alterações climáticas e a sobreexploração dos animais” através da “captura ilegal” e de uma “caça e pesca insustentáveis”, também afetam os habitats, refere o mesmo relatório. A CE no boletim informativo chama a atenção para se nada for contrariado, o declínio resultará inevitavelmente na “erosão contínua da nossa biodiversidade “e dos “serviços vitais que proporciona”, colocando em “risco a saúde” e a “prosperidade humana”.
O relatório destaca a clara necessidade de se agir, caso se queira colocar a “biodiversidade da Europa numa trajetória de recuperação até 2030”, conforme previsto na nova Estratégia de Biodiversidade da União Europeia (UE). Neste contexto, segundo o relatório, será essencial “assegurar a plena consecução dos objetivos e metas propostos nesta estratégia, bem como na Estratégia do Prado ao Prato”.
A avaliação – baseada num relatório técnico mais pormenorizado da Agência Europeia do Ambiente – revela que, embora “algumas espécies e habitats protegidos estejam a conseguir resistir apesar da forte pressão”, o “estado da maioria é deficiente ou mau à escala da UE e alguns apresentam tendências contínuas de deterioração”.
Entre as várias espécies, as aves que estão estreitamente associadas à agricultura continuam em declínio, ao passo que os peixes de água doce apresentam a percentagem mais elevada de mau estado de conservação (38 %), principalmente devido a alterações nas massas e caudais de água e às instalações hidroelétricas. Entre os habitats, apenas 15 % estão em bom estado. A recuperação das turfeiras e de outras zonas húmidas pode proporcionar benefícios no que respeita à natureza, mas também contribuir significativamente para combater as alterações climáticas e criar oportunidades de emprego nas zonas rurais e periféricas.
O relatório mostra também que a aplicação de medidas de conservação direcionadas produz resultados. O lince ibérico, a rena da floresta e a lontra, espécies que têm sido alvo de grandes projetos de conservação, estão agora a recuperar. As iniciativas realizadas no âmbito do programa LIFE da UE, os regimes agroambientais específicos abrangidos pela política agrícola comum e a rede Natura 2000, com os seus 27 mil sítios, continuam a ter uma influência positiva, mas esta deve ser consideravelmente alargada.
O comissário do Ambiente, Oceanos e Pescas, Virginijus Sinkevičius, disse que “esta avaliação do estado da natureza constitui o mais completo exame de saúde da natureza alguma vez realizado na UE. Mostra muito claramente, uma vez mais, que estamos a perder o nosso sistema essencial de suporte vital. Cerca de 81 % dos habitats protegidos na UE estão em mau estado. Há que cumprir urgentemente os compromissos assumidos na nova Estratégia de Biodiversidade da UE para inverter esta tendência, em prol da natureza, das pessoas, do clima e da economia”.
Por seu turno, Hans Bruyninckx, diretor executivo da Agência Europeia do Ambiente, declara que “a nossa avaliação mostra que a preservação da saúde e da resiliência da natureza europeia, bem como do bem-estar das pessoas, exige alterações profundas na nossa forma de produzir e consumir alimentos, gerir e utilizar as florestas e construir cidades. Estes esforços devem ser acompanhados de uma melhor aplicação e execução das políticas de conservação, de uma abordagem centrada na recuperação da natureza e de uma ação climática cada vez mais ambiciosa, em especial nos setores dos transportes e da energia”.