Novo programa de aceleração da Casa do Impacto junta questões sociais e ambientais num só objetivo
A Web Summit foi palco da apresentação de mais um programa da Casa do Impacto. Desta vez, foi o Triggers, um programa de aceleração que vai reforçar a área da inovação na sustentabilidade. O kick-off decorreu esta quarta-feira, 3 de novembro, no Pavilhão 2, booth 216 (Santa Casa da Misericórdia de Lisboa), na FIL (Feira Internacional de Lisboa), em Lisboa.
À Ambiente Magazine, Inês Sequeira, diretora da Casa do Impacto, refere o Triggers pretende, acima de tudo, “capacitar empreendedores a terem, desde o início, modelos de negócio mais sustentáveis e que possam responder às questões, não só das alterações climáticas mas também às questões sociais que estão interligadas e que são vistas como dissociadas”. Dos vários projetos que a Casa do Impacto tem promovido, a responsável reconhece que, na sua maioria, necessitam de uma capacitação diferente: “Muitos ainda são poucos personalizados e contam com modelos de negócio que, raramente, juntam a questão social com a questão ambiental”.
O Triggers conta com parceiros como a Ageas, Galp, Hovione e a Grosvenor. As candidaturas que abriram esta quarta-feira, decorrem até ao dia 7 de janeiro, sendo que o programa acontece entre janeiro e junho de 2022. Serão aceleradas, de forma gratuita, 25 equipas, passando dez equipas à final, com três finalistas a receber 30 mil euros em prémios (15 mil para o vencedor, 10 mil para quem conquistar o segundo lugar e 5 mil para o terceira equipa distinguida) para o desenvolvimento e escala dos respetivos negócios com impacto positivo no ambiente. Além disso, todas as equipas vão ser premiadas com um “vale de participação” em conferências internacionais, do género da Web Summit.
Na prática, tal como em todos os programas de capacitação ou aceleração, o Triggers inicia-se com um “bootcamp”, onde se pretende “formar equipas e juntar valências”, seguindo-se um “pitch” e, culminando, com a “final” onde caberá aos júris selecionar as dez equipas: “As equipas serão, durante dois meses, capacitadas de forma intensiva com mentores da Casa do Impacto e com formadores que os vão ajudar no modelo de negócio, na questão do produtos, na parte legal ou fiscal”, explica.
Apesar da Web Summit ser o “palco ideal” para dar a conhecer o Triggers, a Casa do Impacto quis aproveitar o momento em que decorre a Cimeira de Líderes Mundiais da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP26), em Glasgow, para reforçar a importância que as “pequenas startups” podem ter no processo de transformação que é exigido: “Regra geral, são as grandes empresas que têm a maior pegada ecológica e, por isso, acredito que a inovação vem muito das pequenas startups, bem como a capacidade de integrar modelos de negócio mais virados para as questões da sustentabilidade e com uma maior capacidade de adaptação a essa tal transição verde e digital que tem de ser feita”. O Triggers é um bom exemplo disso: “Pretende não só capacitar empreendedores que tragam essas soluções inovadoras, mas também ajudar a contribuir para a transição verde para estas empresas que estão connosco”.
Questionada sobre como é que Portugal se encontra em matérias de empreendedorismo, Inês Sequeira considera que “existe muito talento” no país, mas atenta na importância da capacitação: “Se a base de tudo é a educação, no empreendedorismo acontece o mesmo: tudo se faz com capacitação”. Apesar da geração atual estar muito mais preocupada com as questões climáticas, a diretora da Casa do Impacto reforça que a “capacitação” vai contribuir, de forma assertiva, para a “criação de negócios disruptivos”.
A Casa do Impacto nasceu há três anos e, desde então, é presença assídua na Web Summit: “Temos notado um impacto maior e uma visibilidade ainda maior por parte das empresas”. Para Inês Sequeira, a inovação aliada à tecnologia, são áreas que estão a espoletar cada vez mais a atenção: “Acredito que no futuro todos estes negócios que estão dentro do Web Summit vão ter que incorporar impacto porque nenhum negócio vai singrar se não tiver preocupações sociais e ambientais”.