Novo matadouro angolano permite abate de 500 animais por dia e corte nas importações
O novo matadouro que vai servir o planalto de Camabatela, construído pelo Governo angolano na província do Cuanza Norte, vai permitir o abate de cerca de 500 animais por dia, reduzindo as necessidades de importação de carne.
De acordo com informação divulgada hoje pelo Ministério da Agricultura, a inauguração do Matadouro de Camabatela, no município de Ambaca, decorre sexta-feira, sendo considerado “o mais moderno do país”, com capacidade de abate de 200 bovinos e 300 caprinos por dia. “Totalizando mensalmente seis mil bovinos e cerca de nove mil pequenos ruminantes”, informou o ministério, liderado por Marcos Alexandre Nhunga, embora sem adiantar valores envolvidos neste investimento público.
O projeto foi aprovado no início do ano em reunião do conselho de ministros, que incumbiu o Ministério da Agricultura da importação de oito mil cabeças de gado bovino para confinamento e 2.500 para reprodução. “Num total de 10.500 animais para serem instalados no planalto de Camabatela, no quadro do programa de repovoamento da região”, recorda o Ministério da Agricultura, que está a trabalhar com a Cooperativa de Criadores de Gado do Planalto de Camabatela (COOPLACA) neste projeto.
O Planalto de Camabatela compreende 12 municípios das províncias do Cuanza Norte (Ambaca e Samba Cajú), Malanje (Cacuso e Calandula) e Uíge (Negage, Uige, Puri, Alto Cawale, Cangola, Damba, Bungo e Mucaba). O Governo angolano estima que “na plenitude da sua capacidade”, o planalto de Camabatela poderá produzir 10 mil toneladas de carne por ano, “poupando-se anualmente mais de 350 milhões de dólares [298 milhões de euros] norte-americanos na importação de carne”.
A Lusa noticiou em abril que um consórcio formando por um grupo angolano e um empresário português vai investir 12 milhões de dólares (10,2 milhões de euros) na instalação, também na província do Cuanza Norte, de um matadouro com mais de 100 trabalhadores.
Segundo o contrato de investimento entre o consórcio, formado pela empresa angolana Lusounu Internacional (90%) e o empresário português Ivo Cruz Marques (10%), residente em Angola, e a Unidade Técnica para o Investimento Privado (UTIP), a que a Lusa teve acesso, o projeto “Matadouro Unicarnes” seria instalado num prazo de um ano no município angolano do Dondo.
Consiste na construção de uma unidade de abate, processamento e comercialização de gado bovino e caprino, além de armazenamento de carne refrigerada e congelada, respetiva embalagem e expedição, mas também com o fabrico de farinha de carne e gorduras.
Contará com 110 postos de trabalho, essencialmente angolanos, e a “alavancagem da atividade de criação de gado bovino” é um dos impactos do projeto previstos pelos investidores, no respetivo contrato, bem como o “aumento da oferta de um produto cujas importações anuais andam à volta dos 600 milhões de dólares”. O consórcio promotor do investimento estima que 25% da produção anual desta unidade será para exportar.
O Governo angolano traçou o objetivo de tornar o país “autossuficiente”, até 2025, na produção de bovinos para o abate e repovoamento, no planalto de Camabatela, conforme explicou anteriormente o ministro Agricultura. “Há toda a uma necessidade para se fazer um esforço para que esse planalto seja repovoado”, enfatizou Marcos Alexandre Nhunga.
O planalto de Camabatela ocupa uma área de 12 mil quilómetros quadrados e é descrito como reunindo condições climáticas propícias para o desenvolvimento agropecuário, nomeadamente a criação de gado.