Foram apresentados esta terça-feira, dia 15 de junho, no Museu do Oriente, em Lisboa, os dados do Índice de Saúde Sustentável 2020/21, desenvolvido pela NOVA Information Management School(NOVA IMS). E porque a pandemia da Covid-19 é um tema incontornável em todos os setores, nomeadamente na saúde, esta acabou por ter um grande impacto nas análises do estudo. Aliás, o índice que avalia a sustentabilidade do SNS decresceu dos 101.7 para os 83,9 pontos: sem o efeito da Covid-19, registaria o valor mais elevado de sempre com 103.6.
A apresentação dos resultados decorreu na 9ª. Conferência Sustentabilidade em Saúde, promovida pela AbbVie, o Diário de Notícias e a TSF. Como já é habitual, a iniciativa pretende promover a discussão em torno da sustentabilidade da saúde em Portugal, estendendo, este ano, o debate ao futuro dos cuidados de saúde no pós-pandemia Covid-19.
“Nas próximas décadas, as questões da saúde, quer sejam individuais, quer sejam coletivas, vão ser um dos maiores desafios que a humanidade terá que enfrentar”. Quem o disse foi Pedro Siza Vieira, ministro da Economia e da Transição Digital, na sessão de encerramento: “Isso é explicável, não apenas pelo aumento da esperança de vida que temos conquistado, mas também por causa das agressões do meio ambiente e da suscetibilidade que sentimos que vamos ter a novas pandemias, novos tipos de doença e a outro tipo de necessidades de responder a estas mudanças”. E se o foco continuar a ser os “modelos tradicionais de resposta em saúde”, o ministro acredita que os “custos” e os “encargos” que as comunidades vão ter que suportar com os cuidados de saúde vão aumentar de forma exponencial: “Esse aumento exigirá também um repensar do modo como organizamos as respostas em saúde e como as financiamos”. Mas, continua Siza Vieira, há mudanças que “podem aumentar não apenas a eficácia”, mas também, a “eficiência” que consiste, sobretudo, na “utilização das novas tecnologias para dar respostas mais centradas nas pessoas, nos pacientes e menos nas doenças de forma indiscriminada”.
Desta forma, constata o ministro da Economia, a “utilização das novas tecnologias digitais” oferece a todos uma “grande oportunidade” de repensar a forma como se organizam as respostas em torno da saúde: “Terapias mais eficazes, mais direcionadas a cada pessoa e a possibilidade de utilizarmos a capacidade de armazenamento e processamento de dados que vai aumentar nos próximos tempos para termos uma gestão mais eficaz, eficiente e centrada nas necessidades”, é um dos exemplos. E, além de serem melhoradas as respostas em saúde, também se vai assegurar que os “encargos não se elevam de forma incomportável para as comunidades”, sustenta.
Do lado do Governo, está confirmado que serão disponibilizados “instrumentos importantes” ao setor público e ao setor privado: “O PRR (Plano de Recuperação e Resiliência) tem um grande investimento à volta das tecnologias digitais em saúde”, afirma. Também, continua o ministro, foi aprovado, recentemente, o Plano de Ação para a Transição Digital e o compromisso com uma estratégia de dados abertos na Administração Pública que “vai permitir utilizar melhor todos os dados gerados e, assim, melhorar as respostas na saúde”. A isto, acresce o investimento facultado ao setor privado em novas áreas, como por exemplo, “novos medicamentos” ou “novos dispositivos médicos” que permitam assegurar que “em Portugal, dispomos da tecnologia que é colocada ao serviço destas novas respostas”, remata.
Principais conclusões do Índice de Saúde Sustentável 2020/21:
- 73,2% dos portugueses considera que o SNS tem respondido de forma eficaz à pandemia de Covid-19
- Um quarto dos portugueses afirma ter deixado de recorrer ao SNS por receio da pandemia; 18% admite ter preferido recorrer ao setor privado.
- Mesmo em crise pandémica, o SNS gerou um retorno económico de 6,8 mil milhões em 2020, graças ao seu efeito positivo no absentismo laboral e produtividade.