Ao longo do mês de outubro, a Lipor promoveu quatro webinars dedicados à temática da Valorização Orgânica intitulado por “Biorresíduos: Novos Desafios, Novas Soluções”. Este ciclo faz parte das comemorações dos 15 anos da Central de Valorização Orgânica.
O quarto webinar, realizado esta quarta-feira, dedicou-se ao tema “Tratamento Centralizados: para uma Valorização de Biorresíduos de Excelência”, no qual foi dada uma ampla visão sobre o percurso da empresa de gestão de resíduos do Porto no que aos biorresíduos diz respeito.
Fernando Leite, administrador da Lipor, destaca o trabalho da entidade que, desde 2005, tem em funcionamento uma central de compostagem que já concebeu “650 mil toneladas”, produziu cerca de “133 mil toneladas” do produto Nutrimais – marca própria – e, vendeu “128 mil toneladas” do produto.
A aposta da empresa, segundo o responsável, passa por “trabalhar intensamente com as Câmaras Municipais”, de forma a que “consigamos atingir em 2020, 125 mil fogos com recolha porta-a-porta de resíduos”. Ainda dentro desta aposta, o destaque vai para os estabelecimentos de restauração e similares com reforço no “sistema de recolha porta-a-porta” e, outros de proximidade, como a “compostagem caseira” ou “compostagem comunitária”.
Fernando Leite refere que o “desenvolvimento múltiplo” é focado nas Câmaras Municipais, sendo que a Lipor está a estudar a possibilidade de uma “nova central” capaz de tratar cerca de “60 mil toneladas de resíduos”, ficando com uma “capacidade de tratamento centralizado na região de 120 mil toneladas”, além dos “outros projetos de maior proximidade”. Assim, o futuro é visto com otimismo: “Estamos cientes daquilo que são as melhores tecnologias e os melhores exemplos de outros países”, sustenta.
[blockquote style=”2″] Os biorresíduos representam uma grande fração dos resíduos indiferenciados [/blockquote]
Por seu turno, João Graça, gerente de projetos da Lipor, destaca a “nova era” para os biorresíduos, vista como uma “grande oportunidade”, podendo-se, de uma “forma exponencial, aumentar a valorização que efetuamos dos mesmos”. E aquelas que são as condições que levam à “crescente importância de valorizar” os biorresíduos, prende-se, acima de tudo, com as “crescentes exigências nas metas de reciclagem” para os quais, segundo o responsável, não será possível chegar “se não trabalhando também o eixo” deste material. Além disso, o gestor chamou a atenção para a meta já reconhecida e anunciada pela União Europeia em que, a partir do final de 2023, será “obrigatório” que os Estados-membros recolham os biorresíduos “seletivamente” ou os tratem “na fonte.
Para que a Lipor consiga entrar nesta “nova era” com sucesso, a primeira aposta foi “fazer uma análise ao universo dos resíduos” da empresa. Desta análise, o responsável destaca que os “resíduos alimentares representam 6% de todos os resíduos rececionados”; os “resíduos verdes representam 5%”; e os “resíduos indiferenciados com um peso de 76%”. A análise diz também que os “biorresíduos representam uma grande fração dos resíduos indiferenciados”, diz, considerando haver aqui um “potencial” no qual é possível trabalhar, nomeadamente ao “nível do setor residencial”. De acordo com o responsável, aquele que é o potencial estimado na área da Lipor são as “105 mil toneladas de resíduos alimentares” e as “42 mil toneladas de resíduos verdes”.
E a forma como já estão atuar sobre este resíduos, passa, desde logo, pela elaboração de uma estratégia: “Pretendemos trabalhar de forma integrada”, refere. Para tal, a prioridade é privilegiar a “redução na fonte em utilização” e depois, trabalhar o eixo do “tratamento local”, com projetos de compostagem caseira, comunitária e dos resíduos verdes. E, por fim, o “tratamento centralizado” que “envolve a recolha seletiva” e “tratamento na unidade de compostagem e futuras unidades”, refere. Com esta estratégia integrada, João Graça diz que aquilo que é pretendido é “evitar que os biorresíduos sejam encaminhados para a valorização energética”.
Aumentar a recolha seletiva é inevitável, afirma o responsável, destacando a necessidade da “nova unidade” para efetuar a valorização dos resíduos. Uma das prioridades é que o equipamento cumpra todos os requisitos de circularidade e, segundo João Graça, o principal “output” desta central é o “biometano”, ao invés da eletricidade que tem sido tipicamente o produto principal destas unidades: “Neste caso, é um gás renovável com elevado potencial de circularidade num setor que ainda tem alguns passos para dar”, afirma.