Nova central de compostagem da TRATOLIXO vai tratar 50 mil toneladas de resíduos verdes
A nova central de compostagem para resíduos verdes da TRATOLIXO vai ser inaugurada esta quinta-feira, 5 de maio. É na unidade do Ecoparque de Trajouce, nas instalações da TRATOLIXO, que esta nova infraestrutura fica localizada. Em entrevista à Ambiente Magazine, João Pereira Teixeira, presidente do Conselho de Administração da TRATOLIXO, deu alguns highlights sobre esta nova central, bem como a necessidade da mesma para responder de forma eficaz aos desafios futuros.
Na área de intervenção da empresa, são, atualmente, recolhidos seletivamente pelos Municípios cerca de 50 mil toneladas por ano. Atendendo a estes “elevados quantitativos recolhidos seletivamente”, bem como à “necessidade de dar resposta a este fluxo específico de resíduos, efetuando a sua valorização”, a TRATOLIXO decidiu que era fundamental efetuar um investimento numa Central de Compostagem para o tratamento dos biorresíduos de jardins e parques recolhidos seletivamente. Até agora, a empresa “não dispunha de uma Unidade específica para o tratamento destes resíduos, encaminhando apenas parte destes biorresíduos para tratamento biológico, na fase de compostagem da Central de Digestão Anaeróbia”, explica o responsável, acrescentando que “a maioria (destes resíduos) era encaminhada para valorização em operador externo ao Sistema, não estando a contribuir para as metas de preparação para reutilização e reciclagem do Sistema (PPRR)”.
O facto de, a partir de 1 de janeiro de 2027, os Estados-Membros só poderem contabilizar como reciclados os biorresíduos urbanos que entram no tratamento aeróbio ou anaeróbio, se tiverem sido objeto de recolha seletiva ou de separação na fonte, acelerou a decisão de investir na infraestrutura: “Como estratégia fundamental de valorização de RU, a compostagem de resíduos verdes constitui uma das medidas de primordial interesse, promovendo a produção de composto de elevada qualidade, a diminuição da quantidade de resíduos a colocar em aterro, a redução dos inerentes custos relacionados com o seu transporte e deposição em operadores externos e, deste modo, contribui para a diminuição dos custos globais da exploração e da tarifa”, sublinha.
Operacional a partir desta quinta-feira, a nova central de compostagem para resíduos verdes está localizada num “edifício desocupado” nas instalações da TRATOLIXO, em Trajouce: “Pela sua localização e área, era o local ideal para a implantação da Central de Compostagem de Resíduos Verdes”, considera. Apesar do processo de compostagem de Resíduos verdes não ser algo complexo, João Pereira Teixeira explica que é essencial uma área muito grande para a sua realização: “O edifício existente, que correspondia aos antigos parques de compostagem Central Industrial de Tratamento de Resíduos Sólidos (CITRS) de Trajouce, desativados em 2012, possuem cerca de 10 mil m2 sendo constituído por três naves”.
A nova infraestrutura terá uma capacidade anual de tratamento de “50 mil toneladas de resíduos verdes”, permitindo o “tratamento da totalidade dos resíduos verdes produzidos e recolhidos na área de intervenção da TRATOLIXO” e a “produção de composto orgânico de elevada qualidade”, o que irá contribuir para as “exigentes metas relativas à preparação para reutilização e reciclagem”, bem como para o “desvio de RUB de aterro e para a redução de emissões de GEE”, indo ao encontro das políticas de mitigação das alterações climáticas e de promoção da transição para uma economia competitiva e de baixo carbono previstas no PNAC 2020/2030. “A implementação da operação resultará na produção de 10 a 15 mil toneladas anuais de composto, o que permitirá atingir a meta do PERSU 2020+ relativa à preparação para reutilização e reciclagem (PPRR) e contribuir fortemente para o desvio de RUB de aterro”, destaca.
Ao todo, a nova infraestrutura vai servir 850 mil habitantes dos concelhos de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra: “A operação, em conjunto com outras operações que a TRATOLIXO pretende implementar, resultará numa clara convergência com o PERSU 2020+ e com o PERSU 2030, promovendo uma maior valorização dos resíduos produzidos na sua área geográfica de intervenção, através da sua reciclagem e que incrementam a economia circular”.
[blockquote style=”1″]Acréscimo de 11% de preparação para reutilização e reciclagem [/blockquote]
A TRATOLIXO tem mostrado preocupação com esta nova infraesturua e com o seu impacto. João Pereira Teixeira é perentório, afirmando que a central foi construída através da “requalificação” de equipamento desativados da Central Industrial de Tratamento de Resíduos Sólidos de Trajouce: “A requalificação e adaptação dos antigos parques de compostagem, assente nos princípios da economia circular, para além dos benefícios económicos comparativamente à construção de um novo edifício, traz claros benefícios ambientais pelo menor usos de recursos naturais de uma requalificação face à demolição e construção de um novo edifício”. No âmbito desta requalificação, o presidente do Conselho de Administração da empresa sublinha a preocupação relativa à sustentabilidade e à eficiência energética da instalação e racionalização do consumo de água: “Considerando que o processo consome energia, foi instalada uma unidade de autoconsumo baseada em painéis solares fotovoltaicos e, uma vez que este processo de tratamento requer um quantitativo substancial de água para manutenção das qualidades ideais de humidade para o processo de compostagem, ir-se-á recuperar as águas pluviais para a rega das pilhas, recorrendo a caleiras instaladas nas coberturas que serão encaminhadas para um depósito que alimentará o processo”, explica.
Relativamente aos resultados que se esperam atingir com a nova unidade de tratamento, ao nível dos biorresíduos, João Pereira Teixeira prevê um acréscimo de 11% de preparação para reutilização e reciclagem (PPRR): “Esta operação contribui diretamente para o incremento do indicador na medida da capacidade adicional de reciclagem obtida com o funcionamento desta infraestrutura: 44 mil toneladas por ano de biorresíduos de recolha seletiva tratados organicamente”.
Questionado sobre outros projetos previstos para o médio e longo prazo, o responsável refere que, em julho de 2019, o POSEUR abriu um aviso-concurso destinado à Modernização e ampliação de instalações de valorização de resíduos urbanos: “A TRATOLIXO apresentou no dia 15 de outubro de 2019, duas candidaturas ao abrigo deste aviso”, refere.
A nova unidade para o tratamento de biorresíduos de recolha seletiva da TRATOLIXO ascendeu aos 5,2 mil milhões de euros ao abrigo de fundos comunitários.