ENERGYLIVE «Novos Modelos para a Descarbonização» foi um dos temas debatidos no segundo dia do Portugal Smart Cities Summit 2020. O professor e deputado europeu, Carlos Zorrinho, foi convidado para falar sobre os desafios da descarbonização no pós-pandemia.
No seu discurso, ficou claro que conceitos como a “interdependência”, “cooperação”, “lucidez”, “ambição” e “ousadia” têm que fazer parte do plano da mudança: “Se cada um de nós resolver os problemas individualmente, vamos perder a concentração e a racionalidade para a transformação”, sublinha.
Quando o tema é descarbonização e transição energética, são vários os desafios que se impõem. No entanto, para Carlos Zorrinho, “não serão resolvidos por uma mudança súbita das consciências individuais e coletivas”, acreditando que a pandemia da Covid-19 “não mudou as consciências mas sim as percepções”, acarretando consequências que, por sua vez, podem ser “soluções ainda mais inteligentes e partilhadas para serem sustentadas”. Do ponto de vista deste responsável, o “sentido da marcha está correto” mas o “esforço tem de ser conjunto, partilhado e ir mais ao fundo na sociedade”, com modelos capazes de “mobilizar comunidades e cidadãos”. E é precisamente no “envolvimento forte” de planos que deve estar centrada a aposta onde, por exemplo, “cada cidadão se sinta um parceiro na definição do plano do país para 2030, no caso da energia, e em 2050, no caso do clima”. Para o docente, é essencial “reconfigurar” a sociedade, cruzando a “transição energética” com o “uso de dados”, havendo um “outro modelo de negócio” para o seu acesso: “São um recurso fundamental para o futuro. Não podemos ter menos acesso aos dados”. Um “modelo de negócios” que é recorrente nas “cidades inteligentes” e que deve ser tido como exemplo é a “troca de dados por serviços de qualidade para os cidadãos”, ou seja, “trocar os dados que os cidadãos nos dão e devolver em serviços públicos de qualidade”, explica o responsável.
No entanto, é reconhecido por Carlos Zorrinho que questões como as “comunidades de energia”, o “autoconsumo”, a “estratégia para o hidrogénio e a sua ligação à estratégia indústria ou mobilidade” são “temas de fronteira em todos os países que levam a sério a transição energética”. E sendo pontos de partida “chave” no Portugal Smart Cities, só demonstra que “Portugal está na primeira linha desta etapa da transição energética”, destaca o eurodeputado, felicitando a “lucidez” e a “boa escolha política” sobre aquilo que tem sido feito no país.
O apelo que o responsável deixa é que a cooperação tem que dominar todas as ações futuras, nomeadamente aquelas que dizem respeito à descarbonização. Caso contrário, nada será cumprido: “Juntos e de forma transparente é que é o caminho. Participamos na formação de uma decisão que depois somos atores na sua concretização”.