Os ninhos de tartarugas nas praias de Cabo Verde deverão este ano atingir um recorde, tendo em conta os já contabilizados no terreno, um aumento que está relacionado com o calor, explicou um ambientalista local, citado pela agência Lusa.
Fredy Cardoso, fundador e elemento da direção da Associação Ambiental Caretta Caretta, que se dedica à conservação da vida marinha, mais concretamente da tartaruga-marinha-comum, disse à Lusa que só na Praia Areia Grande, do município de Santa Cruz, na ilha de Santiago, estão contabilizados mais de 60 ninhos.
Por esta razão, tem sido grande a atividade noturna dos elementos da associação – a qual conta este ano com a participação de vários voluntários portugueses — que trabalham no sentido de garantir que as tartarugas Caretta Caretta desovem em segurança.
Um trabalho que, conforme explicou Fredy Cardoso, começa à noite e implica dois turnos, que terminam já ao romper da manhã. Durante a noite, os ambientalistas assistem à desova, quando é possível marcam e medem os animais para estudos posteriores, e assinalam as zonas de postura. Posteriormente, os ninhos são transportados para um lugar seguro. Quando os animais nascem, e sempre que precisam de orientação, estes são ajudados pelos membros da associação a chegar ao mar.
Fredy Cardoso explicou que “a temperatura condiciona muito a atividade da desova” e que o calor que se faz sentir deverá ser o responsável pelo aumento de ninhos nas praias cabo-verdianas.
Atualmente são já várias as praias e as associações que trabalham nesta área que têm ninhos de tartarugas contabilizados.
Dados da Rede Nacional de Proteção das Tartarugas Marinhas de Cabo Verde (Taola) indicam que na temporada de desova de 2017 foram contabilizados 43.500 ninhos.
A ilha com mais ninhos foi a Boavista (23.000), seguindo-se a do Sal (7.700) e Maio (5.500). No Ilhéu de Cima foram contabilizados 3.000 ninhos.
A tartaruga é uma espécie protegida em Cabo Verde e, apesar do trabalho dos ambientalistas, tem sido perseguida pelo homem, nomeadamente para a venda e posterior consumo da sua carne, uma prática proibida pela lei cabo-verdiana, mas que ainda existe em alguns locais, segundo denunciam as associações.