Navigator quer estar na linha da frente para apoiar o desenvolvimento e a diversificação das florestas portuguesas
“Proteção Dinâmica da Floresta” foi o tema central do 12.º Fórum de Sustentabilidade, realizado esta terça-feira, 19 de outubro, pela The Navigator Company. A cidade de Torres Vedras acolheu a iniciativa que já se realiza desde 2015.
“Defender a floresta não pode ser uma atitude passiva de conservar o que existe: precisa de estar virada para a valorização futura do recurso, tendo em consideração o respeito pela natureza, pela paisagem e pela comunidade”. Este foi o ponto de partida para António Redondo, CEO da The Navigator Company e presidente do Fórum de Sustentabilidade, centrar-se na importância da floresta para o desenvolvimento de Portugal ao nível social, ambiental e económico, apelando à reflexão sobre a forma como a “ocupação sustentável e diversa no território” pode contribuir para “proteger os espaços florestais e agrícolas”, bem como os “espaços naturais”, como as “áreas de paisagem protegida”.
Na sessão de encerramento, António Redondo não quis deixar de partilhar aquela que tem sido a forma como a Navigator encara a proteção e valorização da floresta: “O objetivo é que seja uma fonte de criação de valor para o país de forma harmoniosa com a preservação dos valores naturais”. Sendo que Portugal tem recursos naturais escassos, a floresta ocupa ainda mais o “lugar de destaque” pelo “aproveitamento efetivo que dela o país tem sabido fazer”, afirma. O responsável sustenta que a “floresta plantada de produção” encontrou no país “condições de desenvolvimento privilegiadas” que lhe possibilitou tornar-se a “base de polos industriais verdadeiramente nacionais”, mas de “escala e prestígio internacional”. Devido à localização geográfica de Portugal, onde existem influências climatéricas “atlântica, mediterrânica e continental”, a florestada tem hoje “características específicas” que não existe em nenhum outro país da Europa: “O nosso país tem condições de solo e de clima muito favoráveis para algumas espécies que permite, em diversas regiões, uma produção florestal com rendimentos interessantes para muitos proprietários”.
António Redondo lembra que, no início do século XX, a floresta em Portugal ocupava menos de 18% do território nacional. “Hoje, essa ocupação é superior a 35%, o que está em linha com a média mundial que rondará os 30%”. O “aumento expressivo” da floresta nacional só não ocorre em “contraciclo” com o conjunto do planeta, onde, nos últimos 100 anos, “as florestas regrediram cerca de 20%”, devido à “expansão da agricultura e pecuária”, como também é hoje muito mais diversificada do que no início do século: “O sobreiro, a azinheira e pinheiro continuam a ser as espécies dominantes, pese embora terem reduzido a sua importância relativa de 91% para 61%”. Já o crescimento do eucalipto, posiciona-se como a terceira espécie florestal. Mas, além de uma maior diversidade florestal, Portugal é ainda o terceiro país europeu com maior percentagem de floresta protegida (22%). “A situação portuguesa é também única no que respeita à estrutura fundiária: cerca de 3% dos terrenos florestais pertencem ao Estado e 6% são detidos por comunidade comunitária”, sustenta o gestor, acrescentando que os restantes 91% são de “propriedade privada”, sendo que “6% são geridos por empresas industriais de base florestal”. Apesar de não ser conhecido com precisão o número de proprietários florestais, alguns estudos apontam para 400 mil(cerca de 4% da população), o que se torna mais desafiante gerir floresta e minifúndio muitas vezes com proprietários ausentes ou até desconhecidos: “Esta é, novamente, uma singularidade portuguesa, uma vez que, a nível europeu, cerca de 40% da floresta é propriedade de instituição públicas”. Para o responsável, estes dados ilustram bem o quanto a floresta importa diretamente a uma “grande faixa da população” e, ao mesmo tempo, “quanto o Estado, não sendo o proprietário de relevo, é um observador distante e, muitas vezes, desconhecedor e desatento da importância da exigência da moderna gestão florestal”, nomeadamente da “gestão dos seus riscos”. Além disso, António Redondo faz uso dos dados para dizer que o Estado tem uma “facilidade” para, prontamente, “limitar ainda mais a liberdade do uso da propriedade privada”, afetando “a vida e o rendimento de centenas e milhares de proprietários”, sendo um “legislador compulsivo”, afinca.
[blockquote style=”2″]Florestas plantadas de eucalipto são um segundo coberto florestal em stock de CO2[/blockquote]
Relativamente ao impacto socioeconómico e ambiental das floresta portuguesa e das indústrias de base florestal, António Redondo lembra que os “clusters” que se desenvolveram a partir do eucalipto, do sobreiro e do pinheiro são responsáveis por “mais de 100 mil empregos diretos, 5% do PIB e 10% das exportações nacionais”. E, além disso, as florestas portuguesas sequestram anualmente cerca de “6 milhões de toneladas de CO2”, tendo um stock acumulado de “334 milhões de toneladas de CO2”, acrescenta. Assim, as preocupações climáticas e ambientais com que o planeta se defronta atualmente deram à floresta novas e dinâmicas valências: “Diferentemente do que alguns querem fazer crer, o sequestro de carbono não é exclusivo das chamadas florestas primárias geridas de acordo com as práticas florestais próximas da natureza”. Em Portugal, “as florestas plantadas de eucalipto são um segundo coberto florestal em stock de CO2 com mais de 71 milhões de toneladas acumuladas”, logo “atrás do pinheiro-bravo e à frente do sobreiro”, explica, acrescentando que têm uma “taxa anual de sequestro de CO2 sete vezes superior à do sobreiro” e “três vezes superior à do pinheiro. Temos um caminho promissor para melhorar este desempenho ambiental, quando todos os produtores de eucalipto tiverem adotado as melhores práticas florestais do setor: nesse momento, conseguiremos aumentar os sequestros em quase 40%”, declara.
A biodiversidade é outro fator fundamental quando se fala sobre as florestas portuguesas: “Qualquer floresta com gestão sustentável tem um impacto positivo na biodiversidade. E a medição deste impacto deve ser feita comparando as florestas realmente plantadas com alternativa mais provável de ocupação do solo”. A título de ilustração do contributo da floresta de eucalipto para os níveis de biodiversidade, o responsável assegura que as florestas geradas pela indústria da pasta de papel em Portugal registam mais de 200 espécies de fauna e mais de 800 espécies de flora devidamente “avaliadas, classificadas, georreferenciadas e protegidas”. Mas, além do sequestro de carbono e da contribuição para preservação e biodiversidade, as florestas de produção também participam com outros serviços para o ecossistema, como é o caso da “formação e proteção do solo”, da “correção do regime hidrológico” ou da “valorização da paisagem”. Juntamente com o impacto económico e social, o conjunto de serviços do ecossistema prestado pelas florestas plantadas no país é fundamental para o desenvolvimento nacional e mitigação das alterações climáticas: “São fundamentais para a transição de uma economia linear e fóssil para uma bioeconomia circular sustentável, baseada em produtos florestais renováveis, recicláveis e biodegradáveis, favorável para a natureza e neutra para o clima”, sucinta o CEO da Navigator.
Com os olhos postos no futuro, a Navigator não tem dúvidas do potencial económico, social e ambiental da floresta portuguesa: “Queremos continuar a apoiar o seu desenvolvimento, contribuindo para a diversificação e para o aumento do valor acrescentado da sua utilização”, remata.