O Natural.PT, um projecto desenhado e desenvolvido pelo Ministério do Ambiente, com o principal intuito de promover os produtos e serviços das áreas protegidas (AP) e a coesão territorial entre estas regiões, já se encontra no final da sua primeira fase e os resultados conseguidos até agora deixam antever o sucesso da iniciativa. Entrevistado pela Ambiente magazine, o secretário de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Miguel de Castro Neto, disse que o processo de implementação do Natural.PT o tem surpreendido pela positiva pois a receptividade, tanto das empresas como dos municípios, tem sido “excelente”. Prova disso, é que este programa já detém cerca de 300 produtos e serviços aderentes com origem ou localizados em 85 municípios com AP.
As empresas das regiões envolvidas, sejam do sector turístico agrícola ou artesanal, terão agora uma plataforma nacional (portal online) que promoverá os seus produtos e serviços. Serão criadas, ainda, aplicações móveis, entre outros instrumentos promocionais, que permitirão “uma actuação em rede e com impacto no crescimento e sustentabilidade das AP”. Desta forma, pretende-se tornar Portugal “um destino de turismo de natureza reconhecido ao nível nacional e internacional”. “As novas tecnologias oferecem um amplo conjunto de soluções que permitem dar a conhecer e valorizar o património das AP. Não devemos subestimar o potencial das redes sociais para dinamizarem comunidades de interesse em conservação da natureza e biodiversidade”, sublinhou o secretário de Estado.
Castro Neto, alertou, também, para uma subida significativa do número de turistas na área do turismo da natureza, que deve ser tida em conta. “Temos lugares únicos e um dos exemplos são os sapais com uma variedade de aves impressionante com excelentes capacidades de observação. Temos tido um aumento significativo de turistas nesta área, merecendo particular destaque o turismo de observação de aves”, realçou. Com o esperado aumento do número de visitantes a estes locais e, consequentemente, do incremento das receitas directas na economia local, Castro Neto acredita no desenvolvimento económico destas regiões que só se atingirá “consolidando os valores únicos de cada território com o conhecimento e as actividades das suas populações”, garantiu.
Para além da promoção do que de melhor se faz nestes territórios, a Natural.PT compromete-se a incentivar estas empresas a terem um papel “mais activo” na valorização e numa maior consciencialização da conservação da natureza e biodiversidade, distinguindo as melhores iniciativas dos aderentes que melhor contribuam para este objectivo com a entrega do prémio Natural.PT Award 2015, que será entregue no próximo dia 24 de Julho.
Para as próximas fases, Castro Neto espera uma “consolidação” dos resultados alcançados e um “crescimento sustentado e continuado” da rede Natural.PT, como uma “aposta integrada na biodiversidade e na cultura de Portugal”. “A Natural.PT é uma iniciativa continuada no tempo que se deverá ir adaptando para responder aos seus grupos-alvo de forma adequada. A consolidação da imagem da marca e o seu reconhecimento nacional e internacional são agora uma prioridade”, destacou.
O Natural.PT, além de financiado por estruturas já existentes e suportadas pelo Orçamento de Estado, conta, ainda, com outras fontes de financiamento, tais como: o Programa de Desenvolvimento Rural 2014-2020 (FEADER) e o Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (Fundo de Coesão). No primeiro, prevê-se um financiamento ao desenvolvimento local, através de medidas como o apoio a produtores locais e à pequena economia existente nestas áreas, para o qual está prevista a alocação de uma verba de cerca de 130 mil euros, que será complementada com uma verba de cerca de 51 mil euros proveniente dos Programas Operacionais Regionais (FEDER). Os aderentes à Natural.PT são naturais candidatos a esta linha de financiamento. Por sua vez, por via do Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos, concretiza-se um “importante objetivo de, ao contrário do que aconteceu no ciclo de financiamento anterior, voltar a trazer-se a área da conservação da natureza para um programa operacional de âmbito nacional, destacando uma área de intervenção específica dirigida às acções de conservação da natureza”, para a qual está reservada uma verba de 40 mil euros. Por fim, através dos Programas Operacionais Regionais (FEDER), haverá apoios disponíveis para investimentos de suporte a actividades associadas aos espaços naturais, como o turismo de natureza, e que ajudarão à provisão das infraestruturas necessárias a uma maior e melhor fruição dos parques de Portugal que compõem a rede Natural.PT.
A marca Natural.PT permitirá “privilegiar os territórios de baixa densidade, valorizando aquilo que os diferencia e valoriza”, sendo, por isso, o mote do projecto, “Distinguir o que nos diferencia”. Este programa inclui todas as 46 áreas protegidas existentes em Portugal, num total de 85 concelhos, incluindo 685 mil hectares de área terrestre e 54 mil hectares de área marinha.