João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática, foi quem encerrou o Tomorrow Summit. O evento, que, este ano, se realizou entre os dias 27 e 27 de novembro, teve como mote central o “Challenge Tomorrow”.
O ministro do Ambiente não tem dúvidas de que não é possível combater a ameaça climática sem reduzir, em simultâneo, os índices de pobreza: “Isto é um axioma cada vez mais agudo”. E um dos problemas com que o planeta se vai deparar é com o aumento de habitantes na terra: “Todas as projeções indicam que vamos chegar ao ano 2030 com 10 mil milhões de habitantes”, sendo que a população vai crescer, sobretudo, em África. “É impossível ganhar a batalha climática se não criarmos bem-estar para as pessoas”, conclui Matos Fernandes, estendendo esse desígnio à economia: “Tem que crescer neutra em carbono, regenerando recursos e cabendo dentro dos limites que são os limites do sistema terrestre”. E, para tal, “não podemos ganhar o futuro se utilizarmos as ferramentas e os processos do passado”.
A pandemia da Covid-19 trouxe a certeza de que não é possível fazer projeções a 30 anos. Neste sentido, e segundo as projeções de um estudo académico, aquele que parece ser o cenário que garante neutralidade carbónica em 2050 é aquele em que a economia mais cresce: “Não estamos a falar de um regresso ao passado; estamos sim a falar em investir nas nossas casas para que elas possam ser neutras em carbono e também muito eficientes do ponto de vista energético”. E o desafio da sustentabilidade é igualmente um desafio de investimento e de criação de riqueza, tal como diz o Green Deal: “O motor de crescimento económico da Europa é apostar na sustentabilidade”. Matos Fernandes lembra que este é um desafio que já estava traçado antes da pandemia e aquilo que é fundamental é “acelerá-lo com as verbas que os países vão ter ao seu dispor para cumprir ainda mais depressa o desígnio das metas” que resultam do European Green Deal.
É, assim, crucial definir uma visão muito clara: “As matérias da sustentabilidade são mesmo o coração daquelas que têm que ser as nossas preocupações e mais do que isso o motor do desenvolvimento económico e social que nos espera”.
Das questões “poluição”, “energia” e “materiais”, é precisamente esta última aquela parece mais preocupar o ministro: “Quando as matérias-primas acabarem, não há mesmo forma de contar com elas”. E será aqui que o papel crescente das Universidades, essencialmente no desenvolvimento da “eficiência” e da “ciência” dos materiais, se afirmará: “Não podemos ter um modelo económico baseado na abundância” e a “valorização do capital natural, a conservação e a promoção da biodiversidade” são fundamentais no futuro próximo, sustenta.
Questionado sobre aquele que será o grande desafio, o ministro do Ambiente destaca o da neutralidade carbónica em 2050, que envolve “construir uma economia que gera mais riqueza, com mais bem-estar, e emprego mais bem qualificado mas que é neutra em carbono e que sabe regenerar materiais”. Matos Fernandes quis deixar um alerta: “O problema não se resolve sozinho” e “toda a solidariedade que podemos ter com todos aqueles que têm menor capacidade para poderem resolver os seus problemas é a mesma solidariedade que também temos de esperar daqueles que têm uma maior capacidade económica, tendo mesmo que estar atentos a estes fenómenos e à sua resolução”, remata.