“Na Fidelidade queremos ter cada vez mais um papel proativo na transição ecológica”

A Fidelidade participou na 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 28) e, durante a cimeira, foi considerada a segunda seguradora mais sustentável da Europa pela Morningstar Sustainalytics. A Ambiente Magazine conversou com João Mestre, diretor de Sustentabilidade do grupo.

 

Qual a importância da Fidelidade participar na COP28?

Na Fidelidade temos como estratégia assumir um papel relevante na dimensão social, sermos proativos na transição ecológica e na forma como agimos enquanto agente económico responsável. A COP28 é o principal evento mundial na temática ambiental, organizado pelas Nações Unidas, com vista a dar resposta ao enorme desafio global das alterações climáticas. Assim, para a Fidelidade, participar na COP28 mundial reflete o compromisso que temos vindo a desenvolver no âmbito da sustentabilidade e a nossa determinação em desempenhar um papel ativo na transição ecológica.

Esta COP28 é um momento crucial de avaliação dos compromissos tomados para o alcance do Acordo de Paris e ao mesmo tempo a oportunidade de sermos – sector publico, privado e ONGs, mais ousados nas decisões, compromissos, alianças e ações com vista à criação de um impacto realmente positivo no ambiente e na humanidade. Acreditamos que isto se alcança com uma verdadeira atuação sistémica, partilhando esforços com entidades públicas e privadas e a COP28 é um evento crucial para a criação destas sinergias.

A nossa presença na COP28 permite, acima de tudo, alavancar a nossa capacidade de contribuir proativamente para a transição ecológica em linha com a nossa estratégia não só ambiental, mas de negócio. Assim, esta semana tivemos a oportunidade de promover um evento sobre o caminho Net Zero e como a colaboração entre os diversos agentes da sociedade e da economia é importante para que este objetivo seja alcançado. Partilhámos, também, os nossos principais compromissos e as iniciativas que temos em curso para sermos uma empresa Net Zero em 2050.

Que medidas tem tomado para se tornar mais sustentável e neutra em carbono?

Na Fidelidade queremos ter cada vez mais um papel proativo na transição ecológica, enquanto empresa comprometida com as metas do Acordo de Paris e empresa que impulsiona a transição também junto dos seus diferentes stakeholders. Definimos o nosso Plano Net Zero, estabelecendo objetivos de redução de emissões baseados na ciência, considerando toda a nossa cadeia de valor. Para além das nossas operações, que numa empresa financeira são menos relevantes, incluímos também objetivos para as nossas carteiras de subscrição de seguros e investimentos, onde sabemos que temos maior responsabilidade com vista à mitigação dos efeitos das alterações climáticas.

O nosso Plano Net Zero apresenta objetivos concretos para o alcance do principal objetivo: sermos uma empresa Net Zero em 2050, concretizando os nossos compromissos de redução de carbono em toda a nossa cadeira de valor nas três dimensões do nosso negócio: operações, seguros e investimentos. Comprometemo-nos em ser Net Zero nas Operações em 2040 e em Seguros e Investimentos em 2050, sendo que assumimos metas intermédias para cada uma destas dimensões.

Que resultados podem ser expressados neste momento, nesta matéria?

Neste caminho para sermos Net Zero, comprometemo-nos em reduzir as nossas emissões e sermos uma empresa NET Zero em 2050. Mas queremos, também, que seja um caminho em colaboração com todos os nossos stakeholders, assim ambicionamos influenciar a mudança na transição ecológica, trabalhando com os diferentes parceiros, clientes, e vários sectores da sociedade. No que respeita a resultados esperados, temos metas intermédias claras para cada uma das dimensões do nosso negócio – investimentos, seguros e operações.

No caso dos Investimentos, o nosso objetivo é sermos uma empresa Net Zero até 2050. Para tal, temos dois objetivos intermédios para 2030 em linha com as melhores práticas internacionais: atingir uma redução de 40% da intensidade de emissões (tendo como ano de referência 2022), na nossa carteira de ações cotadas e obrigações de empresas e atingir uma redução de 45% da intensidade física das emissões (tendo como ano de referência 2022), na nossa carteira de investimentos imobiliários diretos.

Já no que toca à subscrição de seguros, o nosso objetivo é sermos uma empresa Net Zero na subscrição de seguros até 2050. Para tal, comprometemo-nos a atingir uma redução de 30% na intensidade de emissões (tendo como ano de referência 2022), na carteira de subscrição Comercial em Portugal e atingir uma redução de 26% na intensidade de emissões (tendo como ano de referência 2022) na carteira de subscrição de Automóvel pessoal em Portugal.

Por fim, nas nossas Operações, que representam apenas 5% da nossa pegada carbónica, o nosso objetivo é sermos uma empresa Net Zero até 2040. Para tal, estabelecemos também uma meta intermédia, comprometendo-nos assim a reduzir as emissões de scope 1 e 2 e viagens de negócio (scope 3) em 50% em Portugal (tendo como ano de referência 2019), até 2025.

Em que áreas isso se evidencia?

O compromisso com o Net Zero vem alterar a lógica do business as usual das empresas. Estas metas não se alcançam por si só, é preciso alterar mentalidades e cultura. Sabemos que haverá decisões mais desafiantes a serem tomadas e, principalmente, precisamos do envolvimento de toda a nossa cadeia de valor, desde os colaboradores aos clientes, parceiros, fornecedores, e comunidade envolvente. Iremos ter cada vez mais produtos e serviços que potenciam atitudes mais sustentáveis, quer seja ao nível da oferta para os clientes particulares (como a nossa aplicação Fidelidade Drive que potencia hábitos de condução responsáveis), quer seja ao nível das empresas onde acreditamos ser crucial um acompanhamento próximo e uma oferta de produtos e serviços alinhada com a necessária transição. Temos também a responsabilidade de olhar para os setores mais impactados pelas alterações climáticas, compreender as suas necessidades e os seus riscos e identificar formas de intervir como parceiros para a necessária transição.

Ainda em relação aos nossos clientes e sociedade, queremos cada vez mais ser ativos em respostas de prevenção e sermos um parceiro em sistemas de alerta para eventos climáticos. Já recorremos a sistemas tecnológicos inovadores, incluindo Inteligência Artificial, com vista a disponibilizar alertas preventivos na antecedência a eventos climáticos como incêndios e cheias, o que nos tem permitido estar mais próximo dos nossos clientes e agir com maior rapidez e humanização nestes momentos.  Mas sabemos que podemos ser ainda mais ativos e, por isso, alargaremos a abrangência destas alarmísticas de modo a cobrir novas necessidades da Sociedade como é o caso do impacto das alterações climáticas na saúde. Como exemplo do envolvimento dos nossos stakeholders neste caminho, temos o Center for Climate Change, que acreditamos ser absolutamente transformador em termos de produção de conhecimento na temática das alterações climáticas, para o sector segurador, mas também para a Sociedade em geral.

Já o Fundo Florestal, aprovado como art.º 9 pela CMVM, será um pilar crucial para a captura de carbono das emissões residuais que não conseguiremos reduzir, ao mesmo tempo que acreditamos ser um exemplo de gestão sustentável da terra e das nossas florestas e o catalisador de desenvolvimento nas zonas onde o mesmo será implementado.

Qual o significado da Fidelidade estar entre as seguradoras mais sustentáveis do mundo e da Europa?

O resultado do Rating da Morningstar Sustainalytics em termos de sustentabilidade de 11,7 (Risco baixo), coincidiu com a nossa presença na COP28 e foi recebido com grande entusiasmo e responsabilidade. A Fidelidade é a segunda melhor seguradora da Europa e a quarta melhor do mundo para a Morningstar Sustainalytics em termos de sustentabilidade, entre 301 seguradoras avaliadas. Já a nível nacional a nossa classificação coloca a Fidelidade como a melhor instituição no setor de banca e seguros e a segunda empresa portuguesa mais sustentável, considerando todos os setores de atividade económica.

Sermos avaliados como uma das melhores empresas do mundo por uma entidade externa e com comprovada experiência no mercado de avaliação de riscos ESG é uma confirmação do caminho que temos vindo a trilhar no âmbito da sustentabilidade, alicerçado numa estratégia clara que impacta todo o modelo de negócio da empresa, e reforça o nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável. É fundamental medirmos o nosso desempenho nas diversas dimensões ESG, permitindo identificar de forma contínua oportunidades de melhoria e providenciando total transparência, para com todos os nossos stakeholders, na forma como gerimos riscos ESG.

Procuramos ativa e diariamente ter um impacto positivo na sociedade, sendo um agente económico responsável e proativo na transição ecológica, e um agente de mudança exemplar, que está ao lado dos seus colaboradores, parceiros e clientes neste caminho em prol da sustentabilidade.

Quais os próximos passos a nível de neutralidade carbónica?

O resultado do Rating ESG pela Morningstar Sustainalytics e a nossa presença na COP28 é, para nós, um momento de grande responsabilidade, pois vem demonstrar que estamos no caminho certo, mas este está longe de estar terminado, como temos vindo a ouvir nesta COP, ainda há muito a fazer. Assim, este é um momento em que nos (re)comprometemos com os desafios das alterações climáticas e abraçamos ativamente a responsabilidade de liderar a transição para um futuro mais sustentável através de um papel preponderante na dimensão social com foco nas temáticas da longevidade, prevenção em saúde e inclusão social. O compromisso com metas ambiciosas, investimentos responsáveis, produtos inovadores e colaboração global são os pilares que definem a nossa jornada para um futuro mais resiliente, justo, incluso e saudável, no fundo, para um futuro mais sustentável.