Na Economia Circular o “esforço é e será de todos”, determina Siza Vieira
O desenvolvimento sustentável é, talvez, o maior desafio com que o planeta se depara. E foi com base nesta realidade que o Jornal de Negócios realizou esta quarta-feira a Conferência “Economia Circular – Reduzir, Reutilizar e Reciclar”. O ministro de Estado da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, esteve na sessão de abertura.
O responsável começou por destacar que o tema da economia circular é crítico e dos mais decisivos para o futuro: “O planeta está sob ameaça das alterações, sob a ameaça que decorre da perda da biodiversidade e da preservação dos habitats que são indispensáveis à vida humana”. E, lembra o ministro, os objetivos da União Europeia são “bastante exigentes”, quer do ponto de vista da mudança do “paradigma da economia” para que seja “menos intensa na emissão de gases com efeito de estufa”, quer na “capacidade de reduzir os materiais e matérias-primas que utilizamos e extraímos do planeta”. Não restam dúvidas de que o paradigma da economia circular insere-se nessas novas tendências, sustenta o ministro, destacando que o “esforço será significativo” em muitas frentes como, por exemplo, “o modo como produzimos, consumimos e utilizamos o produto da nossa atividade humana”. E será um esforço que se vai impor a todos: “Estados, agentes económicos, cidadãos ou sistemas públicos e privados de recolha de resíduos, reaproveitamento e reciclagem”.
E se os próximos anos serão determinantes no cumprimento das metas a que Portugal se comprometeu, Siza Vieira destaca que as exigências vão também aumentar, nomeadamente na “redução e eliminação da utilização de plástico de uso único” no conjunto de atividades, no reaproveitamento de “produtos que fazem parte do quotidiano” de cada um e na reciclagem do “conjunto de resíduos que resultam cada vez mais da atividade humana”. No entanto, reconhece o ministro, tais exigências vão traduzir-se em custos: “A adaptação do processo de produção ou a criação de novos equipamentos que sejam capazes de melhorar e aproveitar estes recursos” vão significar “investimentos muito significativos para os países, cidades e empresas”.
Siza Vieira atenta também na necessidade de todos os esforços serem coordenados: “As metas têm que ser conhecidas e os roteiros para mudança têm de ser preparados”. E ainda dentro destes esforços, o responsável dá conta da importância que as “empresas e os agentes económicos” terão que fazer no sentido de “avaliarem” sobre o que vai ser “exigido” nos processos produtivos, para que, “mantendo-se competitivas” e “assegurando a continuação da capacidade de produção de bens físicos no país”, sejam “capazes de se adaptar este novo paradigma”. Siza Vieira não tem dúvidas: “Quem não se mexer fica excluído dos mercados. Quem for capaz de antecipar essas necessidades estará mais preparado para produzir e ser ainda mais competitivo, indo ao encontro das preferências dos consumidores”. Para “aqueles que forem capazes de identificar as tecnologias de produção” e de “colocar no mercado os equipamentos necessários”, o responsável garante que “não vão apenas possibilitar dessa adaptação mas, vão também beneficiar economicamente do processo de mudança”.
Os próximos tempos serão focados naquilo que será o Plano de Recuperação e Resiliência de Portugal. E, lembra o responsável, em contexto do programa de recuperação, cada Estado-membro vai ter à disposição um “conjunto de instrumentos financeiros muito significativos para reagir à crise endémica”, podendo investir em “necessidades futuras”. Assim, em Portugal, “vamos poder dispor de ferramentas muito significativas” para “enfrentar com determinação os desafios das alterações climáticas” e os “desafios da transição digital”, sustenta.
Com o “alinhamento de objetivos entre agentes públicos e privados”, “desenhos de estratégias partilhadas”, “capacidade de adaptação” e “recursos financeiros”, o ministro da Economia e da Transição Digital afirma que é possível que o desafio da Economia Circular “não seja um constrangimento” mas antes uma “grande oportunidade para a economia portuguesa, para as empresas de Portugal e para os cidadãos”.