“Na Capgemini a dimensão da sustentabilidade não é apenas ambiental”
A Ambiente Magazine continua a trazer para o plano empresas, entidades e pessoas que colocam cada vez mais a sustentabilidade como prioridade e, desta vez, fomos conversar com Inez O’Flaherty Agoas, Sustainability Lead da Capgemini Portugal.
Esta empresa de consultoria em serviços tecnológicos e transformação digital tem demonstrado o seu compromisso com a sustentabilidade a vários níveis, essencialmente nas normas ESG (Environmental, Social, Governance), ao longo dos últimos anos.
A nível ambiental, o objetivo passa por reduzir em 90% as emissões da empresa até 2040, para que, de acordo com o Acordo de Paris para o Clima, se limite o aquecimento global a 1,5ºC. Mas outros passos serão dados, entre eles: a transição para energia renovável em 100% até 2025; a transição para uma frota automóvel 100% elétrica até 2030; a redução de resíduos totais produzidos em 80% até 2030; a redução em 100% de resíduos enviados para aterro até à próxima década e em 95% os que vão para incineração.
Nos pilares social e de governança, “acreditamos ser essencial criar uma força de trabalho diversificada e inclusiva”, e nesse plano a empresa tem sido reconhecida como uma das mais éticas, a nível mundial, sendo a 11.ª vez consecutiva que a Ethisphere a tem em conta.
Mas a posição estratégica de sustentabilidade não é algo apenas inerente à Capgemini, já que a tenta passar aos seus clientes: “contamos com um extenso portfólio de soluções que suportam as empresas na definição e implementação das suas próprias estratégias de ação para a mitigação das alterações climáticas, tendo como objetivo ajudar os nossos clientes a reduzir 10 milhões de tCO2eq até 2030”, explica Inez O’Flaherty Agoas.
“Um futuro sustentável exige ações coletivas, uma liderança mais ousada e tecnologias mais inteligentes”
As iniciativas que fazem a diferença
Como qualquer empresa interessada em operar de forma mais sustentável, a Capgemini tem feito as suas apostas, entre as quais o projeto Green Lease (Arrendamento Ecológico), sendo que em Portugal já tem dois contratos.
Além disso, há o foco na transição energética, com 78% da energia consumida proveniente de fontes renováveis e com o lançamento do Centro de Comando de Energia em Bangalore, na Índia, que pode chegar ao nosso país em 2024.
A formação dos colaboradores é igualmente fundamental, daí a criação de um Campus dedicado ao desenvolvimento de competências em sustentabilidade e do projeto Tech4Positive Futures, para promover a literacia digital. Existem ainda os programas de apoio às minorias, como o Woman@Capagemini, os Círculos de Diversidade e o OUTFront (apoio LGBTQ+).
A tecnologia faz parte da solução
Embora a tecnologia represente o terceiro maior consumidor de eletricidade do mundo, sendo responsável por cerca de 3% das emissões globais de CO2, “é também uma parte integrante da solução, tendo o potencial de reduzir 9,7 vezes as emissões de carbono”, garante a responsável.
A Green IT é cada vez mais uma realidade, essencialmente na Capgemini, que aposta no aumento de vida dos seus equipamentos, na economia circular e na formação dos colaboradores nesta área.
Todavia, existem desafios:
- Otimização e redução do investimento inicial na adoção de práticas de IT sustentáveis, que pode requerer investimentos significativos em equipamentos, formação e outros recursos, o que pode ser um desafio financeiro para algumas empresas em particular as mais pequenas.
- Dificuldade em medir o impacto das práticas de IT sustentáveis, uma vez que muitas vezes é difícil quantificar a economia de energia, a redução de emissões de gases de efeito estufa ou outros indicadores.
- A complexidade na implementação de práticas de IT sustentáveis pode ser complexa, uma vez que envolve mudanças na cultura empresarial, formação dos recursos e reestruturação de processos, o que pode consumir demasiado tempo e recursos. A mudança de hábitos e de mentalidades é outro fator lento na implementação.
- A implementação de práticas de IT sustentáveis muitas vezes envolve a adoção de tecnologias e equipamentos sustentáveis, o que pode depender da disponibilidade de fornecedores e fabricantes que ofereçam esses produtos, e até mesmo dos clientes, em valorizarem este investimento muitas vezes elevado num curto prazo.
Mas isto não serão obstáculos impossíveis para a Capgemini, cuja “dimensão da sustentabilidade não é apenas ambiental”, defende Inez O’Flaherty Agoas, concluindo que a empresa continua a “acelerar ações para reduzir as emissões”.